Maia promete vetar quem tratar de sucessão agora

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Foto: Agência Brasil

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou ontem que a aproximação entre Bolsonaro e partidos do Centrão não prejudicará a relação do bloco com legendas que decidiram não embarcar na base governista e sinalizou que a agenda de votações deve ser preservada. “É bom que o governo tenha um líder que consiga articular o número de partidos, o número de votos, e se manter uma maioria para se votar as matérias relevantes.”

Além de ser vista como uma tentativa de compor uma base de proteção a Bolsonaro em caso de avanço de um processo de impeachment, a aproximação é considerada um movimento para isolar Maia, com quem o presidente protagonizou diversos embates. Citando a pandemia, Maia disse ainda não ser o momento para se discutir a sucessão no comando da Câmara.

“Não estou organizando. Se eu tiver dois votos, o meu eu tenho… se eu tiver dois votos, quem estiver tratando da minha sucessão agora não vai ter meu voto, pelo menos. Eu acho que não é hora de tratar de sucessão”, disse Maia. “O Brasil está tão doido que nós estamos tratando de 2022 já desde o ano passado, desde janeiro do ano passado. O presidente [Jair Bolsonaro] fez aquela brincadeira com o [governador João] Doria, vai ser meu sucessor, a confusão começou de lá”, completou.

O deputado diz que há um conflito de posições dentro do governo sobre o congelamento de salários de servidores. O diagnóstico foi feito a partir da posição de parlamentares governistas, que votaram pela flexibilização da medida no projeto de socorro financeiro a Estados e municípios, contrariando o que é defendido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

“A gente já vê que há no governo, nitidamente, um conflito de posições que está ficando cada vez mais claro, entre o que pensa a equipe econômica e o que pensa o próprio presidente da República. Na votação da excepcionalidade dos servidores, ficou claro que há uma divisão. Não estou querendo fazer intriga, estou apenas analisando. Em algum momento, isso vai ter que ser resolvido”, disse Maia, em “live” promovida pelo Santander.

Durante a tramitação do projeto, o líder do governo na Casa, Major Vitor Hugo (PSL-GO), orientou a favor de destaque que permitia a flexibilização do congelamento. A medida era a contrapartida sugerida por Guedes para o envio de ajuda aos entes federativos.

Valor Econômico