Militares pressionam Bolsonaro a nomear ministro da Saúde
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Ministros palacianos e a ala militar do governo estão incomodados com a interinidade prolongada do general Eduardo Pazuello como ministro da Saúde e tentam convencer o presidente Jair Bolsonaro de que o anúncio do novo titular da pasta deve ser feito o mais breve possível.
Bolsonaro, entretanto, demonstra não ter pressa para escolher um sucessor para Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, que ocuparam o cargo e foram exonerados nos últimos dois meses, em meio à pandemia de covid-19.
Segundo fontes do governo, os ministros militares acreditam que o vácuo na titularidade da Saúde, no momento em que há uma escalada de mortes causadas pelo coronavírus, é prejudicial à imagem do governo.
Também receiam que, sem um civil à frente da pasta, os militares acabem arcando com o peso político da pandemia.
O cargo de ministro da Saúde está vago desde sexta-feira, quando Teich pediu demissão. Ele vinha se recusando a seguir a orientação de Bolsonaro de recomendar expressamente o uso da cloroquina no tratamento da covid-19, alegando não haver evidências científicas suficientes para justificar tal posicionamento.
Teich ficou menos de um mês no cargo. Entrou no lugar de Mandetta, demitido por Bolsonaro também por não se alinhar ao presidente nas questões da cloroquina e do isolamento social. Ontem, o ministério mudou seu posicionamento e passou a recomendar o uso do remédio nos estágios iniciais da doença. O documento, sem assinatura de nenhum médico, não obriga profissionais e hospitais a seguir a recomendação.
Pazuello não participou do anúncio, feito no Palácio do Planalto pelo secretário-executivo substituto, coronel Élcio Franco. E o Valor apurou que o general tampouco deve participar de outras entrevistas coletivas e anúncios aos jornalistas nos próximos dias.
A última vez em que Pazuello esteve na coletiva diária da Saúde no Planalto foi ao lado de Teich, no dia 11 de maio, uma segunda-feira.
Na ocasião, eles foram informados por repórteres que Bolsonaro havia declarado momentos antes que barbearias, salões de beleza e academias esportivas foram classificados como “serviços essenciais” – uma forma de sabotar o isolamento social imposto por Estados e municípios”.
Desde então, apenas funcionários do segundo ou terceiro escalão têm sido levados a responder aos repórteres sobre a covid-19.
Questionado ontem no Palácio da Alvorada se já escolheu o novo ministro da Saúde, Bolsonaro afirmou que Pazuello “vai ficar por muito tempo” no cargo. E disse que o general, sem experiência na área de saúde, é “um bom gestor” e terá médicos em sua equipe.
“Ele vai ficar por muito tempo, esse que está lá. Não vou mudar não. Ele é um bom gestor e vai ter uma equipe boa de médicos embaixo dele”, declarou o presidente.
Bolsonaro falou ainda sobre os impactos econômicos da pandemia e reiterou que “mais da metade” das pessoas vai pegar a doença. “Vamos enfrentar, tomar conta do pai de vocês, da minha mãe, que está viva, quem pegou a doença, e toca o barco”, disse. “Esse empobrecimento que estão fazendo vai levar o pobre a ficar mais pobre, classe média ficar pobre, e é ruim para todo mundo.” *De “O Globo”