Parlamentares vão a STF por divulgação do vídeo
Foto: Pedro França/Agência Senado
Parlamentares da Câmara e do Senado decidiram recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tornar público o vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril que está provisoriamente sob sigilo por decisão do ministro Celso de Mello. A gravação, enviada ao Supremo, foi apontada pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro como um elemento de prova para a possível interferência política do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal (PF).
Segundo o relato de três fontes que assistiram ao vídeo, a gravação registra que Bolsonaro defendeu trocas no comando da PF para evitar que familiares e amigos seus fossem “prejudicados” por investigações em curso.
Nesta terça-feira, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da Minoria no Senado, anunciou que pediu ao relator da investigação no STF, o ministro Celso de Mello, o levantamento do sigilo do vídeo.
– Acabamos de peticionar ao ministro Celso de Mello para que o sigilo da dita reunião ministerial venha a público. É um dever republicano que a Nação exige nesse instante – disse Randolfe.
Já o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) decidiu acionar o STF para que a gravação seja encaminhada ao Congresso Nacional. O parlamentar argumentará que o material deve ser analisado pelo Legislativo, já que uma de suas funções é fiscalizar atos do Executivo. Além disso, vai registrar que o conteúdo é de interesse público.
– Estou entrando com ação no STF e requerimento na Câmara para que o Congresso tenha acesso ao conteúdo da gravação da reunião de ministros em que Bolsonaro admite que quer interferir na PF para proteger familiares. É crime de responsabilidade – diz Freixo.
Ex-líder do governo no Congresso, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) também pediu, nas redes sociais, que Celso de Mello divulgue o vídeo.
“A sessão da tarde de hoje na PF mostrou a reprise do filme “O presidente antirrepublicano”. Jair Bolsonaro queria proteger a família e abafar investigações. E, pra isso, ameaçou demitir Sergio Moro. É importante o vídeo vir à tona na integra”, escreveu a parlamentar.
Ao postar reportagem sobre o conteúdo do vídeo nas redes, o vice-líder do DEM e integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), Kim Kataguiri, perguntou se “alguém tinha alguma dúvida” sobre os motivos de Bolsonaro para interferir na PF.
“Se existe alguma coisa que o Governo Federal faça ou algo que o presidente diga que impeça a gravação de vir a público, então isso é no mínimo algo que não deveria estar sendo feito ou dito”, escreveu o deputado.
A líder do Cidadania no Senado, Eliziane Gama (MA), avaliou como grave uma suposta interferência na PF para que Bolsonaro protegesse sua família e aliados.
– O conteúdo da reunião ministerial denunciada pelo ex-ministro Sérgio Moro precisa vir a público. É uma denúncia que de fato precisa ser apurada, porque o Brasil não merece ter um presidente sob suspeição – afirmou.
O senador Jean Paul Prates (PT-RN) disse em suas redes sociais que o conteúdo revelado pela imprensa pode ser a prova de que Bolsonaro interferiu politicamente na PF. “A casa pode ter caído de vez para Bolsonaro”, completou.