PF prova que esfaqueador de Bolsonaro agiu sozinho
Foto: Ricardo Moraes | Reuters
A Polícia Federal apresentou na quarta-feira (12) à Justiça Federal de Juiz de Fora (MG) um novo relatório com resultado de tudo que já investigou sobre o atentado sofrido pelo presidente Jair Bolsonaro, em 2018, quando levou uma facada de Adélio Bispo de Olivera durante um ato de campanha. O relatório parcial mostra que as provas colhidas não apontam a participação de terceiros, nem a existência de um mandante para o crime.
Essa é a segunda investigação da PF sobre o episódio. Na primeira, finalizada em setembro de 2018, a PF concluiu que Adélio Bispo agiu sozinho no dia e no momento em que esfaqueou Jair Bolsonaro.
O superintendente da Polícia Federal em Minas Gerais, Cairo Costa Duarte, e o delegado responsável pela investigação, Rodrigo Morais, vieram nesta quinta-feira (14) à Brasília para apresentar o resultado da investigação ao novo-diretor geral do órgão, Rolando Souza, por se tratara de um caso em que o presidente da República é a vítima. O documento também foi disponibilizado aos advogados de Jair Bolsonaro.
Para investigar o caso, a PF vasculhou todos os contatos feitos por Adélio por meio de celular, e-mail e redes sociais nos últimos dez anos. O relatório mostra que 192 pessoas foram ouvidas, entre testemunhas e suspeitos, sendo 103 formalmente e 89 entrevistadas em campo. O documento também traz 23 laudos pericias com dados extraídos de telefones e computadores de investigados e resultados de exames feitos a partir de notícias postadas em redes sociais, que apontavam, supostamente, a participação de terceiros no atentado, o que foi descartado até o momento. Também foram analisadas mais de 7 mil e-mails de sete contas diferentes gerenciadas por Adelio.
Com Adélio foram apreendidos quatro celulares, sendo que dois estavam quebrados, e um chip telefônico. O notebook que também estava com ele não funcionava. Os policiais analisaram ainda seis computadores usados por Adelio em uma lan house em Juiz de Fora. Nesses materais, os investigadores encontraram apenas Adélio em busca de emprego, acionando pessoas nas redes sociais para convencê-las a não votar em Jair Bolsonaro e pesquisas sobre assuntos como maçonaria. Não apareceram indícios de envolvimentos de outras pessoas no atentado.
Segundo depoimento do próprio Adélio à Polícia Federal, ele passou a planejar o atentado contra Jair Bolsonaro quando viu um outdoor na cidade de Juiz de Fora informando que ele estaria no local em 6 de setembro.
A PF também quebrou o sigilo bancário dos quatro cartões que estavam em nome de Adélio Bispo e concluiu que os valores eram compatíveis com os trabalhos dele como garçom. Segundo os investigadores, ele possui esse número de cartões porque trocava constantemente de emprego e todos eram ligados a contas que Adélio recebia salários.
Após a apresentação desse relatório, a investigação seguirá em andamento. A PF aguarda o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir se a perícia do celular e de dados bancários e fiscais de Zanone Manuel de Oliveira, o advogado de Adélio, podem ser feitas pela PF no âmbito dessa investigação. O objetivo dos investigadores com a análise do material é saber se o advogado foi pago para atender Adélio e por quem.
Mesmo depois de o juiz federal Bruno Savino, da 3ª Vara da Justiça Federal em Juiz de Fora (MG), concluir que Adélio tem transtorno delirante persistente e que não pode ser punido criminalmente, a PF também trabalhou com a hipótese de um terceiro ter se “aproveitado” da doença para incitá-lo a cometer o crime. No entanto, nenhuma diligência ou testemunha conseguiu comprovou isso até agora.