PF quer que novo diretor “possa dizer não”
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A escolha de Rolando Alexandre de Souza como novo diretor-geral da Polícia Federal foi bem recebida no órgão, mas o clima de desconfiança que ronda seu nome entre os pares ainda é forte. Souza é apontado como um “perfil técnico” e com “boa experiência no combate a crimes financeiros e de corrupção”, mas a maneira como seu nome foi escolhido fará com quem qualquer movimento interno seja extremamente vigiado pela corporação.
– Dr Rolando tem o histórico de ser um profissional comprometido e trabalhador dentro da PF. Ele não deve ter grandes resistências, mas é necessário que tenha condições de fazer uma gestão da maior autonomia possível e que possa dizer não a qualquer pedido incompatível com o papel de estado da PF, que não é um orgão de assessoria do governo. – disse o presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), Edvandir Paiva.
O novo diretor foi indicado pelo chefe da Abin, Alexandre Ramagem. O plano do presidente Jair Bolsonaro é que ele exerça um “mandato tampão” até que haja um “clima” para que Ramagem, que teve sua nomeação suspensa pelo Supremo Tribunal Federal, possa ser indicado novamente. Não se sabe como isso ocorreria, apesar de Bolsonaro ter dito publicamente que este é o seu desejo.
A ideia de um “mantado tampão” é fortemente criticada na PF, que avalia que a permanência curta do diretor só traria mais instabilidade ao órgão.
Uma das áreas mais sensíveis para qualquer mudança interna é a Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizada, hoje comandada por Igor Romário, ex-chefe da Lava-Jato em Curitiba e nome próximo de Moro. É no guarda-chuva dessa área que estão as investigações que correm no Supremo Tribunal Federal (STF) e que fizeram Jair Bolsonaro exonerar o ex-diretor-geral, Maurício Valeixo.