Prefeito de SP critica Bolsonaro por atacar isolamento
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Em entrevista à CNN nesta sexta-feira (1º), em que se comemora o Dia do Trabalho, o prefeito da cidade de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), criticou a postura do governo federal de advogar pelo fim do isolamento social nos estados e municípios. Durante a fala, Covas também convidou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a visitar a periferia da capital paulista para conhecer a situação daqueles que, em sua avaliação, são os mais afetados pela pandemia.
“Eu acho que a maior responsabilidade é do governo federal, que não tem ajudado os governos municipais e estaduais a enfrentarem essa crise, que não tem estimulado as pessoas a ficarem dentro de casa, muito pelo contrário, tem desestimulado, de forma irresponsável, indo contra a Organização Mundial da Saúde (OMS), indo contra o que dizem todos os especialistas”, disse Covas.
Questionado sobre a possibilidade de uma prorrogação no isolamento, o prefeito disse que essa decisão deve ser tomada na semana que vem, mas que, se tivesse que decidir hoje, a quarentena seria mantida por mais tempo. Covas comparou o tamanho da capital paulista com outras cidades que já afrouxaram a quarentena, como Florianópolis (SC) e Feira de Santana (BA), para afirmar que o impacto da pandemia em São Paulo ainda é maior.
“Nossa cidade tem 12 milhões de habitantes. Você não pode querer comparar São Paulo, levando em conta números absolutos, com uma cidade de 10 mil, 50 mil, 100 mil habitantes, é preciso estabelecer um parâmetro de comparação”, respondeu o prefeito ao repórter e apresentador Leandro Narloch.
Nesta semana, o governador do estado, João Doria, convidou Bolsonaro a ver “as vítimas agonizando” no hospital das clínicas de São Paulo, em resposta ao “e daí?” do presidente sobre o número de mortos. Na entrevista, Covas também pediu que Bolsonaro venha até a periferia da capital paulista para conhecer a realidade da população mais vulnerável na pandemia.
“A probabilidade de morte nessas regiões, estatisticamente, tem sido dez vezes maior do que nas regiões centrais, então essa é a população que mais depende do sistema público de saúde para poder sobreviver, são as pessoas mais afetadas. Essa foi uma doença que começou nos bairros de classe A, que foi importada em voos internacionais, hoje é uma doença muito mais presente na periferia.”
Entre as medidas tomadas pela prefeitura para conter o surto, Covas ainda considera intensificar os bloqueios no trânsito, para reduzir a circulação de pessoas, e disse que ainda concentra esforços em ampliar a capacidade da rede pública de saúde. Uma das possibilidades avaliadas pela equipe é o aluguel de leitos em hospitais privados.
De acordo com ele, a parceria com alguns hotéis da cidade, que devem abrigar pessoas em situação de rua, mulheres vulneráveis à violência doméstica e profissionais da área da saúde, já está sendo colocada em prática. Caso de uma unidade próxima ao hospital de campanha do Anhembi, que vai receber médios e enfermeiros que trabalham no local.
O prefeito encerrou a entrevista reconhecendo o esforço da população que se mantém em casa, mas ressaltou que é necessário recuperar o patamar dos 60% de isolamento para garantir o controle do contágio. Ele também contou que continua em quarentena, morando no prédio da prefeitura, e garantiu que vai continuar respeitando o isolamento juntamente com a população.