Protestos a favor de Bolsonaro encolhem, mas mantêm crimes
Foto: Reprodução/ Veja
As manifestações de grupos bolsonaristas em Brasília começaram a perder espontaneidade, segundo observadores que têm ido a todas. Eles relatam que a deste domingo, 17, tinha menos gente, ainda que continuasse barulhenta, e pareceu um movimento organizado.
Isso se percebia pelos cartazes com os mesmos logotipos e dizeres. Os militantes se aglomeraram em frente ao Palácio do Planalto e houve uma tentativa de ir até o Supremo Tribunal Federal (STF), interrompida por parte do grupo.
O ato gerou duas diferenças no comportamento do presidente Jair Bolsonaro. Ele apareceu no local desta vez acompanhado de 11 ministros, entre eles alguns militares. E fez um discurso mais ameno, se comparado com as declarações de protestos anteriores.
Bolsonaro disse que a manifestação era espontânea. “Isso não tem preço”, afirmou, e ressaltou que não tinha faixa “que atente contra a Constituição”. Na verdade, havia sim cartazes pedindo o fechamento do STF e o impeachment dos ministros da Corte. Uma delas pedia um “regime democrático militar”. Também tinha caminhões de uma só empresa, o que rebate a afirmação do presidente de ser uma expressão popular genuína.
Segundo notaram pessoas presentes, até o auge do ato foi fraco. O grupo foi formado por uma mistura de moradores de Brasilia e caravanas de outros Estados. O clima artificial ganhou reforço na boleia de um ônibus com identificação de Vila Militar do Rio, transportando idosos – possivelmente aposentados.
Pressionado pelo inquérito sobre atos antidemocráticos, e por novas frentes de preocupação, o presidente tentou, em transmissão ao vivo, garantir que eram atos pró-governo. Ainda que fosse, desrespeitaram mais uma vez as orientações do isolamento social em meio à pandemia. A hostilidade contra a imprensa teve um novo episódio. Uma manifestante bateu com um mastro de bandeira na cabeça de uma repórter da Band Clarissa Oliveira, mas não a feriu.
Ainda que com desidratação, o movimento é impulsionado pela rede organizada que promoveu outros atos que estão sob investigação do Ministério Público Federal, a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras.
Segundo a Folha de S.Paulo, seguranças do Planalto pediram aos manifestantes a retirada dos cartazes contra o Supremo um pouco antes da chegada de Bolsonaro. Desse esforço participou o próprio general Luiz Fernando Baganha, secretário de Segurança do Planalto, segundo o jornal presenciou. Antes disso, as faixas antidemocráticas estavam bem à mostra.