Trocas de ministros da Saúde retardaram combate à pandemia
Foto: Jorge William / Agência O Globo
A instabilidade de gestão que acomete o Ministério da Saúde desde o início da pandemia provocou represamento ou lentidão nas habilitações de leitos. Gestores de saúde do SUS e servidores da Saúde ouvidos por ÉPOCA apontaram como a principal consequência prática das mudanças ocorridas o represamento da habilitação de UTIs para Covid-19.
É preciso que o Ministério habilite os leitos para que a diária de R$ 1.600 seja repassada pelo governo federal aos estados e municípios. Sem esse credenciamento, esses entes veem sua capacidade de criar vagas diminuída por não terem recursos próprios para mantê-las funcionando.
Somente na última semana, quando o sistema de saúde já se tornara insustentável em muitos centros urbanos do país, é que boa parte dos pedidos de habilitação feitos ainda na gestão de Luiz Henrique Mandetta foi atendida, apontam gestores. Do total de 6.142 leitos de UTI credenciados pelo ministério para tratar pacientes do novo coronavírus, quase 40% foram habilitados só a partir da segunda-feira 18. A habilitação dura 90 dias.
São Paulo, o estado mais rico do país, que prevê o colapso do sistema de saúde em três semanas, expôs a cobrança em entrevista à imprensa na terça-feira 19. Geraldo Reple Sobrinho, presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (Cosems-SP), fez um “apelo ao ministério” para que 1.800 leitos fossem habilitados. Na última semana, 600 vagas haviam sido liberadas. São os pedidos que estavam represados no Ministério da Saúde, apontam os gestores.