Turistas de SP estão sendo barrados em toda parte
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Para evitar a disseminação do novo coronavírus em razão da chegada em massa de turistas vindos da cidade de São Paulo, que adotou de última hora um feriadão que pode chegar a seis dias, municípios do entorno da capital paulista, do litoral e até do sul de Minas Gerais estão adotando bloqueios e barreiras sanitárias para impedir a entrada de visitantes.
A medida é uma reação ao projeto de lei aprovado pela Câmara paulistana que antecipou os feriados de Corpus Christi (que seria no dia 11 de junho) e da Consciência Negra (20 de novembro) para quarta-feira, 20, e quinta-feira, 21. O prefeito Bruno Covas (PSDB) também decretou ponto facultativo na sexta-feira. Já a Assembleia Legislativa vai votar um projeto do governador João Doria (PSDB) que antecipa o feriado de 9 de Julho (quando se comemora a Revolução Constitucionalista) para segunda-feira 25. Se aprovado, o texto valerá para todo o estado. A iniciativa foi adotada para conter o avanço da Covid-19.
Na Baixada Santista, os prefeitos das nove cidades da região (Bertioga, Cubatão, Guarujá, Itanhaém, Monguaguá, Peruíbe, Praia Grande, Santos e São Vicente) decidiram, em reunião virtual na terça-feira 19 não antecipar os feriados e intensificar os bloqueios que já são realizados desde o fim de março, antes mesmo do início da quarentena no estado. Os guardas municipais têm impedido a entrada de pessoas que não possuem carros com placas das cidades ou que não conseguem provar que residem no litoral.
Presidente do Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb), o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), do mesmo partido de Covas e de Doria, afirmou que não é a hora de a região receber visitantes. “Adoramos receber turistas, mas, agora, não é o melhor momento para visitas”. Na manhã desta quarta-feira, a chegada a Santos registrava quatro quilômetros de congestionamento.
Também na noite de terça-feira, a Justiça atendeu um pedido de tutela antecipada pelo Ministério Público e decidiu bloquear o acesso às cidades de Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, Itariri e Pedro de Toledo, todas no litoral sul do estado, entre esta quarta-feira, 20, e a próxima segunda-feira, 25. Em sua decisão, o juiz Rafael Vieira Patara, da 3ª Vara Cível de Itanhaém, entendeu que há elementos para aceitar a decisão por conta do risco de contágio, já que a “antecipação de feriados no município de São Paulo pode ensejar o anseio nos munícipes da capital em deslocar-se às cidades do litoral, as quais não possuem estrutura para atender demanda considerável de novos pacientes infectados”.
Medida semelhante será adotada pelas prefeituras das cidades do litoral norte de São Paulo (Ilhabela, Caraguatatuba, Ubatuba e São Sebastião). Além das barreiras e das blitz, equipes do Grupamento de Bombeiros Marítimos (GBMar) realizarão ações para evitar a circulação de pessoas no mar, em Caraguatatuba.
O prefeito de São Sebastião reprovou a criação do “feriadão” e disse que a medida levará a uma “explosão” de turistas ao litoral. “É um tremendo absurdo. Tivemos três feriados, com tempo bom aqui. Sete dias depois de cada um deles, aumentou 30% o número de casos confirmados de Covid-19”, afirma. O prefeito prevê que haja um incremento de 100.000 a 150.000 pessoas na cidade, que já está lotada de veranistas que foram passar a quarentena na região.
Na terça-feira, moradores da costa sul de São Sebastião fizeram barricadas com fogo nas estradas que dão acesso a praias badaladas, como Barra do Una, Barra do Sahy e Juquehy. Os bloqueios começaram às 18 horas e se prolongaram ao longo da noite. Moradores entoaram palavras de ordem para afugentar os turistas, como “ão, ão, ão, paulista aqui não”. Houve congestionamento nas vias.
Em Campos do Jordão, na Serra da Mantiqueira, equipes da prefeitura, administrada por Frederico Scaranello, também do PSDB, medem a temperatura dos passageiros dos veículos e informam que os pontos turísticos, comércio, restaurantes e hotéis permanecem fechados até o dia 31 de maio. A cidade computou até agora 14 casos confirmados de Covid-19 e nenhuma morte. Na vizinha Santo Antônio do Pinhal, também foram adotadas barreiras sanitárias.
Em Atibaia, além das barreiras sanitárias, o prefeito Saulo Pedroso (PSB) proibiu a circulação de veículos entre a sexta-feira, 22, e o sábado, 23, entre 9h e 17h, e de ônibus intermunicipais. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram congestionamento na entrada da vizinha Bragança Paulista, onde a prefeitura realiza barreiras sanitárias e impede a entrada de pessoas que não possuem residência na cidade.
A prefeitura de Extrema, no sul de Minas Gerais, último município para quem deixa o estado com destino a São Paulo, também determinou a proibição de entrada, circulação e permanência de todos os veículos de quem não comprovar endereço fixo ou prática de atividade laboral desde a madrugada desta quarta-feira, 20.