Zambelli chama Witzel de “estrume”

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Foto: Dida Sampaio / Estadão Conteúdo

Após repercussão sobre entrevista na qual declarou que a Polícia Federal estava prestes a deflagrar operações para investigar irregularidades cometidas por governadores durante a pandemia, a deputada federal Carla Zambelli afirmou em seu perfil no Twitter na manhã desta terça, 26, que se tivesse informações privilegiadas da corporação, a operação que fez buscas em endereços ligados ao governador Wilson Witzel seria denominada ‘Estrume’. O nome sugerido pela parlamentar faz referência a trecho do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, na qual o presidente Jair Bolsonaro chamou o governador fluminense de ‘estrume’ e o chefe do Executivo paulista, João Doria, de ‘bosta’.

A indicação se deu após a deputada Talíria Perrone (PSOL) repercutir afirmação de Zambelli à Rádio Gaúcha nesta segunda, 25. “A gente já teve algumas operações da Polícia Federal que estavam ali, na agulha, para sair, mas não saíam. E a gente deve ter, nos próximos meses, o que a gente vai chamar, talvez, de ‘Covidão’ ou de… não sei qual vai ser o nome que eles vão dar… mas já tem alguns governadores sendo investigados pela Polícia Federal”, disse a parlamentar, como mostrou o BR Político.

Em publicação no Twitter, Talíria apontou que o fato de Zambelli saber antecipadamente de operações da PF ‘contra governadores’ é grave e questionou: “Como a deputada sabe? E por que ela sabe? As relações da cúpula do governo Bolsonaro e a PF estão cada vez mais promíscuas e precisam ser explicadas.

Em resposta, a aliada de Bolsonaro fez a declaração sobre o nome da operação – que na realidade foi batizada como Placebo – e chamou a deputada do PSOL de ‘defensora de maconheiro’. Antes, também após repercussão de sua entrevista, Zambelli compartilhou um tweet que diz que ‘qualquer cidadão sabia que as operações aconteceriam’.

A líder do PSOL na Câmara, deputada Fernanda Melchionna, também se manifestou sobre as declarações de Zambelli. “As fortes suspeitas de interferência na Polícia Federal por parte de Bolsonaro ficam mais evidentes diante da confissão de Carla Zambelli ontem em entrevista à Rádio Gaúcha. A sociedade precisa saber como ela tinha informações privilegiadas. O Brasil não pode ter uma polícia política que sirva para perseguir adversários da “familícia” e esteja a serviço dos interesses de Bolsonaro. Zambelli não pode seguir atuando diante da certeza da impunidade, precisa ser responsabilizada pelas ilegalidades que comete”, afirmou em nota.

A deputada indicou ainda que já protocolou na Comissão de Ética da Câmara um pedido de cassação do mandato de Zambelli por ter declarado que solicitava informações ao ex-ministro Sérgio Moro sobre investigações a respeito de autoridades e disse que vai adicionar as novas informações ao pedido.

Como mostrou o Estadão, Zambelli tem se configurado como uma espécie de auxiliar informal do Planalto e está no centro de eventos recentes do governo Bolsonaro – a saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça e da atriz Regina Duarte da Secretaria Especial da Cultura. Depois da polêmica troca de mensagens com Moro, na qual a deputada procurou evitar a saída do ex-juiz e sugeriu que ele teria uma vaga garantida no Supremo Tribunal Federal – diálogo incluído no inquérito que apura se Bolsonaro tentou interferir na Polícia Federal –, Carla Zambelli assumiu a missão de resolver a crise com Regina Duarte, de quem tornou-se amiga e conselheira.

Estadão