Advogada que conviveu com Queiroz conta experiência
Foto: Gustavo Schmitt / Agência O Globo
A advogada Ana Flávia Rigamonti, que conviveu com Fabrício Queiroz enquanto ele estava em Atibaia (SP), confirmou que Márcia Oliveira de Aguiar passava temporadas no imóvel ao lado do marido. Queiroz foi preso na última quinta-feira, em uma casa registrada como escritório de advocacia do ex-advogado da família Bolsonaro Frederick Wassef. O imóvel está com alvará vencido desde 2012. Segundo Rigamonti, ela começou a trabalhar no local em 2019 para atender clientes e afirmou que não lembra o mês em que Queiroz passou a ficar no local. As declarações foram dadas durante entrevista ao Jornal Nacional.
— Eu não lembro direito o mês, mas foi depois disso, depois de maio — afirmou.
A advogada também declarou que nunca trabalhou para o ex-assessor e que não tem relação nenhuma com o caso. Ela afirma que começou a conviver com Queiroz apenas quando ele passou a viver no imóvel e que “querendo ou não” acabaram criando “um vínculo de amizade” . Ela também declarou que chegou a emprestar seu carro para ele algumas vezes.
— Para onde ele ia, a viagem ao certo, eu não ficava perguntando… Mas acho que emprestei meu carro umas três, quatro vezes, pelo menos.
Ana Flávia também afirmou que nunca recebeu qualquer orientação para vigiar Queiroz enquanto ele estava na casa de Wassef. O pedido de prisão contra o ex-assessor de Flávio faz referência à uma pessoa chamada Ana, mas os promotores não esclareceram se é a advogada.
— Eu não recebi (…) nenhuma orientação a respeito de… Como se eu estivesse trabalhando como se eu fosse uma vigia dele. Essa não era minha função ali, não.
Em uma mensagem interceptada pelos investigadores, a mulher de Queiroz pede que a filha avise a Ana que ela e o marido estavam a caminho de São Paulo. Neste mesmo dia, a filha de Márcia enviou à mãe a resposta da mulher: “Pode ficar tranquila que não falo nada, não”.
Em outra mensagem, enviada em novembro de 2019, o filho de Queiroz mandou para Márcia uma mensagem de áudio encaminhada por Ana, em que ela afirma que não teria comentado com o “Anjo” sobre uma viagem de Queiroz e de Márcia, pedindo que “se ele questionar alguma coisa, vocês falam que foi agora”.
As investigações apontam que “Anjo” era o apelido usado por Queiroz e parentes para se referir a Frederick Wassef, que nega. A advogada afirma não saber quem é o “Anjo” e que sempre teve o hábito de chamar Wassef de “Doutor Fred”. No entanto, ao ser questionada se entre ela, o Queiroz e a esposa houve alguma vez que se referiu a Frederick como “Anjo”, ela não respondeu.
— Bom, essa pergunta eu prefiro não responder — disse.
A advogada disse ainda que não sabia responder se Frederick Wassef visitava Queiroz em Atibaia, e que nunca esteve com o senador Flávio Bolsonaro, de quem Wassef era advogado. Ana Flávia Rigamonti disse que deixou o escritório de advocacia em dezembro de 2019 por motivos pessoais.