Bolsonaro diminui tom com Congresso
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O presidente da República, Jair Bolsonaro, adotou um tom moderado e amigável ao falar sobre o Congresso Nacional na manhã desta segunda-feira (22/6). Ele também voltou a pedir a governadores e prefeitos que reabram seus comércios e afirmou que a Organização Mundial da Saúde se equivocou em relação ao isolamento social, sem apresentar a base de seu raciocínio. O Brasil tem 50.617 pessoas mortas por conta da pandemia de coronavírus, que ainda está em franca ascensão em muitas regiões.
As afirmações foram dadas em uma entrevista ao canal televisivo AgroMais após a solenidade de inauguração da rede. Bolsonaro falou, ainda, sobre o potencial do agronegócio brasileiro e sobre a implementação da Ferrovia Norte-Sul
Questionado sobre as pautas mais importantes para o Brasil em ano de coronavírus e eleições municipais, o presidente destacou o novo marco legal para o saneamento básico. “Fui parlamentar por 28 anos, e sei que anos eleitorais, pelo menos metade do ano, têm complicação. Mas dá pra andar as pautas mais importantes, pois a economia atinge a todos. Se não for bem, todo mundo sofre. Não só os mais humildes ou no campo. A questão do saneamento é o mais importante. temos quase 100 milhões de pessoas sem água encanada e esgoto. Não vai ser de uma hora para outra, mas já começamos a diminuir essa necessidade. E você, ao melhorar essas coisas, tem um alívio no tocante da saúde. Muitas pessoas se acometem de doenças por causa disso e pressionam o sistema de saúde”, afirmou.
Ainda sobre o Congresso, Bolsonaro disse saber que as coisas caminham devagar e que todos querem mais agilidade, mas que também sabe dos percalços.
“Muita coisa pode acontecer, caminha devagar, sabemos disso, queremos mais agilidade, mas sabemos das dificuldades. Nos acertamos com o parlamento nos últimos dois meses, e passamos a conversar com todos os partidos. E há conscientização que há uma questão da pandemia. O campo não parou, mas as cidades, em muitos estados, pararam, e não vai ser fácil fazer pegar no tranco novamente”, disse.
“Por isso, a gente apela a governadores e prefeitos que, obviamente com responsabilidade, comecem a abrir o comércio. Novas informações vêm do mundo todo, da OMS, através de seus equívocos, e talvez, tenha havido um pouco de exagero no trato dessa questão. Lá atrás sempre falei, vida e emprego, uma coisa está atrelado a outra. Não podemos, em alguns locais isolados, fazer com que o efeito colateral do tratamento da pandemia seja mais danoso que a própria pandemia. Volta no meu entender, aos poucos, por mim teria mais agilidade no comércio”, sugeriu.
Bolsonaro também destacou que pretende reajustar o valor do pagamento do auxílio emergencial, mas ao lado dos presidentes da Câmara e do Senado.
“Tivemos um plano ousado, um auxílio emergencial de R$ 600 para mais de 50 milhões de pessoas. Estamos pagando a terceira parcela. O (ministro da Economia) Paulo Guedes decidiu pagar a quarta e a quinta parcela e falta acertar o valor. A União não aguenta outra do mesmo montante. Por mês, nos custa R$ 50 bilhões. Se o país se endividar demais, juros a longo prazo, a selic tem um recorde negativo nunca visto. Devemos economizar com essas medidas em torno de R$ 150 bi que não vamos pagar em juros, queremos atender o povo com muita responsabilidade. O comércio voltando a abrir, esse valor emergencial que vai ser negociado com o presidente da Câmara e Senado, podemos ter um valor um pouco mais baixo, mas não o valor cheio”, supôs.
Bolsonaro falou, tanto na solenidade de inauguração da rede de TV como na exclusiva que deu em seguida, sobre a possibilidade de o país começar a produzir trigo na região agrária entre os estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia (MATOPIBA). “O campo é orgulho de todos e essa TV vai ajudar a nossa imagem lá fora. Somos mais que promissores, somos uma realidade nessa área. O mundo tem um novo olhar, o mundo quer participar cada vez mais de negócios com o Brasil, que vem do campo, e nossa economia, em grande parte, é pautada no agronegócio”, disse.
“Nosso potencial é enorme e somos o país que, percentualmente, menos usa a sua área para conseguir esse objetivo. Podemos ampliar muito mais. A região de matopiba, há possibilidade de plantarmos ali trigo, que somos muito dependentes, em especial, da Argentina. O Brasil tem muito a crescer e com esse canal, que vai servir de pauta para mídia internacional, podemos mostrar, realmente o valor do Brasil, o quanto preservamos de MA e como somos confiáveis para fazer negócios com o mundo inteiro”, afirmou.
Foi nesse ponto da entrevista que o presidente falou do investimento em infraestrutura. Segundo Bolsonaro, será possível entregar a Ferrovia Norte-Sul até o fim de 2021. “Estamos, no fim do ano que vem, talvez seja possível entregar a Ferrovia Norte-Sul de forma integral, do Maranhão, Tocantins, Goiás, morrendo em São Paulo, no Porto de Santos. A malha paulista, o Tribunal de Contas fez um trabalho maravilhoso e conseguimos desburocratizar. Realidade que logo sairá do papel e fará com que aprofundemos essa questão. Também temos planos ousados de privatizar portos”, elencou.