Bolsonaro teve raro lance de habilidade com novo ministro

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Foto: Reprodução/ Estadão

A despeito da incoerência para com seu mantra (acabar com a “velha política”), a recriação do Ministério das Comunicações com Fábio Faria à frente tem tudo para ser uma das (raras) boas jogadas políticas de Jair Bolsonaro. Além de fechar ainda mais a casinha em torno do presidente no Congresso, a mexida de peças pode blindar o Planalto. Informações às quais o entorno de Bolsonaro teve acesso indicam que haveria investigações em curso sobre o uso da verba publicitária. Tirar a Secom do palácio seria, então, uma forma de proteger Bolsonaro.

Há outras compensações: com Faria, o orçamento de publicidade estaria livre das críticas dos militares palacianos. Se vai dar certo ou não, só o tempo dirá. O efeito colateral já é conhecido: ruídos de descontentamento na base de apoio bolsonarista.

Na vida pregressa de Faria (PSD-RN), há fotos com Dilma Rousseff e Lula, trechos de delação da Odebrecht e até o projeto de lei que exige vinculação de um CPF para a criação de conta em rede social, algo caro à militância digital bolsonarista.

Em defesa de Faria, Carla Zambelli (PSL-SP) disse em um vídeo: “Todo mundo foi de esquerda um dia (…). Essa questão de direita e esquerda é muito jovem no Brasil”.

Os “Fábios” (Faria e Wajngarten) ficaram muito amigos desde o advento do governo Jair Bolsonaro.

Para exemplificar como andava ruim a relação entre Fábio Wajngarten e Braga Netto, um aliado do titular da Secom diz que o ministro da Casa Civil estava cada dia mais parecido com Santos Cruz. Não foi um elogio, longe disso.

E aí? Quem convivia com os dois no Plan

alto conta que o general era duro nas reclamações e cobranças com Wajngarten.

Incomodada com a aproximação de Felipe Francischini (PR), novo líder do PSL, com o Planalto, a ala mais de oposição do partido já promete um novo racha se ele resolver negociar cargos e emendas em nome da sigla. Quem comanda o PSL ainda é a ala “bivarista”, ligada ao deputado Luciano Bivar (PE).

Faltando pouco mais de três meses para as eleições municipais (se não houver adiamento), a cadeira reservada a um candidato 100% bolsonarista em São Paulo ainda está vazia.

Com Bolsonaro sob forte ataque, não são poucos os que aconselham o presidente a buscar um nome fechado com ele para, ao menos, defendê-lo nos debates eleitorais. Caso contrário, vai virar saco de pancadas da ex-aliada Joice Hasselmann e da esquerda em geral: Jilmar Tatto, Guilherme Boulos, Márcio França, Marta Suplicy…

Estadão