Congresso quer saber quem financia bolsonarismo
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O ataque de grupos bolsonaristas de extrema direita ao Supremo Tribunal Federal (STF), no último sábado, foi duramente criticado por boa parte de deputados e senadores, que consideram o lançamento de fogos em direção à Corte mais uma tentativa de ameaça à democracia. Mas, no meio das notas de repúdio, alguns parlamentares preferiram se manifestar de forma evasiva ou, em alguns casos, ficar em silêncio.
Muitos dos que comentaram o assunto cobram que a Justiça descubra quem financia os extremistas que ficam acampados e armados na Esplanada, como Sara Winter. O líder do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PR), afirmou que os atentados contra o STF e o Congresso só vão parar quando forem “rechaçados à altura, com a responsabilização não apenas de quem cometeu os atos, mas, também, de quem apoia financeira e logisticamente”.
Para o líder do PSD no Senado, Otto Alencar (BA), “esse pessoal está sendo financiado há muito tempo”, e é urgente saber por quem. “É um grupo radical, que está lá, acampado, sem trabalhar. De onde vem recurso para comprar fogos, viver, se alimentar? Tem alguma verba aí”, disse. Ele acredita que os ataques têm sido mais violentos porque “a atuação de fake news, do gabinete do ódio, está sendo desmantelada”.
O senador se refere à investigação do STF que apura o uso de dinheiro público para divulgar notícias falsas. Alencar lembrou que não é o primeiro ato antidemocrático dessa intensidade. Em maio, o mesmo grupo se manifestou em frente a Corte, com vestimentas como as do Ku Klux Klan, movimento supremacista branco dos Estados Unidos. “Repudio esses ataques. O STF tem agido dentro da Constituição. Se esse ou aquele político está se queixando, algum erro ele cometeu”, frisou.
Para o líder da Rede no Senado, Randolfe Rodrigues (AP), os envolvidos no ataque não devem responder judicialmente por calúnia, injúria ou difamação, mas por ameaça e terrorismo. “As figuras envolvidas devem ser presas. A questão, agora, é mais sobre como devem ser enquadradas. Essas pessoas não são ativistas, são criminosas, terroristas, que atacaram um símbolo da República e da democracia”, disse.
Alguns parlamentares, no entanto, não viram tanta gravidade nos atos. O líder do PL no Senado, Jorginho Mello (SC), disse “desaprovar” o ataque ao prédio do STF, mas relativizou o acontecimento. “O que o Congresso pode fazer? Vai processar quem jogou os fogos? Isso é a Justiça que tem que ver”, afirmou. Ele disse ter acompanhado o caso pela televisão, em Santa Catarina, sem informações “de perto”. “Mas jogar fogos é desaconselhável. Não soma para ninguém. Não aprovo isso”, comentou.
O líder do PSDB no Senado, Roberto Rocha (MA), afirmou que os ataques foram de grupos isolados, entre “milhares de pessoas que se manifestam pacificamente”. O parlamentar disse que “ninguém concorda” com o lançamento de fogos em direção ao STF, mas cobrou atuação “menos política” da Corte. “Tem que cumprir a função. Se os ministros quiserem ser homens públicos, devem ser eleitos e ter mandato”, criticou.
Vários outros parlamentares se posicionaram pelo Twitter. “A afronta às instituições democráticas passou de todos os limites”, escreveu o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM). “Não se pode confundir liberdade de manifestação com atitudes criminosas”, completou. Também na rede social, a líder do Cidadania na Casa, Eliziane Gama (MA), criticou “os extremismos, o desrespeito aos Poderes da República, o autoritarismo na forma de governar, de cuidar da saúde da população”.