Demorou 15 dias para cidade paulista sofrer com abertura
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Exatos 15 dias após a reabertura gradual do comércio, Ribeirão Preto teve uma disparada de mortes provocadas pelo novo coronavírus. Em apenas dois dias, foram confirmados 19 novos óbitos na cidade.
O cenário de avanço da pandemia fez Ribeirão ser colocada, desde segunda-feira (15), na zona vermelha do plano São Paulo, o de condição mais crítica no estado, ao lado das regiões de Presidente Prudente e Barretos. Com isso, atividades não essenciais voltaram a ser obrigadas a fechar, o que inclui imobiliárias, concessionárias de veículos, escritórios, comércio de rua e shopping centers.
No dia 1º, quando Ribeirão entrou na fase laranja, a segunda mais crítica, e algumas atividades tiveram permissão para abrir, a cidade contabilizava 27 mortes, com 1.217 casos. Naquela data, comércio de rua, shoppings, escritórios, lojas de veículos e imobiliárias tiveram permissão para funcionar quatro horas por dia, com limite de público. O que se viu foram multidões nas ruas nos dias seguintes, com filas de até 50 pessoas nas portas das lojas.
Agora, nesta terça-feira (16) a cidade chegou a 79 óbitos e 2.715 casos. Isso significa que o total de mortes subiu 192,6%, enquanto os casos avançaram 123% em apenas 15 dias.
Na segunda, foram 8 mortes e 111 novos casos, enquanto nesta terça a cidade teve 11 mortes registradas, com 198 novos casos da doença.
Não bastasse a alta de mortes e casos, as internações também estão em alta em Ribeirão Preto. A ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para Covid-19, que no último dia 10 era de 75,2%, chegou nesta terça, seis dias depois, a 84,7%. No dia da reabertura do comércio, a ocupação estava em 46,3%.
O índice só não é maior porque o total de vagas de UTI subiu de 121 para 131 nesta segunda-feira. Há 111 pacientes internados. Em leitos de enfermaria, há 156 pacientes internados, o que representa 71,2% da capacidade.
Com os números em alta, a Prefeitura de Ribeirão já tinha admitido antes mesmo do anúncio do governador João Doria (PSDB) a possibilidade de a classificação retroceder e a cidade precisar fechar tudo novamente.
O prefeito Duarte Nogueira (PSDB) afirmou acreditar, porém, que a cidade possa avançar da zona vermelha para a amarela, a terceira, na próxima avaliação feita pelo estado, em partes devido à chegada de novos respiradores para hospitais da cidade, o que aumentou a capacidade hospitalar.
Disse ainda que fez não houve falha de fiscalização nem de planejamento em relação à pandemia. “Se fossem excluídos os casos da região, seguiríamos na zona laranja, mas a região toda subiu 100% [casos e mortes na última semana, em relação à anterior] e isso contribuiu [para o fechamento total do comércio não essencial]”, disse.
A zona amarela permite o funcionamento, com regras específicas, até mesmo de bares e restaurantes, além do comércio de rua, shopping centers e salões de beleza.
Ele afirmou, no dia da reclassificação de Ribeirão, que era sabido que os casos cresceriam no interior, mas que houve falta de cuidados da população, o que permitiu uma aceleração das notificações.
“Parte desse crescimento já vinha em maneira inercial, mas certamente a falta de observância de conduta de regras sanitárias, de protocolos, contribuiu para aumentar um pouco mais”, disse.
Com os índices de ocupação de UTIs em alta, Ribeirão Preto recebeu 28 novos respiradores, que serão utilizados no HC (Hospital das Clínicas), vinculado à USP (Universidade de São Paulo). Mais quatro equipamentos serão usados no Hospital Santa Lydia.