Estudo revela “método” da covid19

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Foto: Daily/Reuters

O comprometimento dos vasos sanguíneos, graças a danos nas células que os revestem, é encontrado em dezenas de estudos feitos sobre o novo coronavírus como um padrão em pacientes que morreram. Os pesquisadores consideram a hipótese como uma descoberta que explica porque há vítimas em uma chamada “segunda fase fatal”, cerca de uma semana depois da hospitalização.

À renomada revista Science, Peter Carmeliet, biólogo vascular do instituto de pesquisa belga VIB e coautor de um estudo divulgado em maio na Nature Reviews Immunology, o que explica a vítimas tardias é “o dano direto e indireto às células endoteliais, principalmente nos pulmões”. Quando o vírus ataca essas células, provoca uma infecção que faz com que os vasos quebrem e o sangue coagule. Isso provoca uma inflamação em todo o corpo e alimenta a síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA, na sigla em inglês).

Normalmente, as células endoteliais ajudam a regular a pressão sanguínea, prevenir a inflamação e inibir a coagulação. Carmeliet e outros pesquisadores encontraram em seus estudos que os danos causados pela Covid-19 desencadeiam vazamentos nos vasos, o que pode inundar os pulmões de líquido caso a infecção seja neste local, e expõem a membrana abaixo destas células.

A membrana exposta desencadeia uma coagulação descontrolada e a resposta imunológica acaba combatendo o fogo com… combustível, trazendo mais fatores de coagulação e plaquetas, que ajudam a formar esses coágulos. As reações em cadeia culminam em uma fase final e destrutiva de inflamação. As citocinas, que deveriam combater os invasores, acaba gerando a temida “tempestade de citocinas” no caso da Covid-19, uma inflamação que causa um choque nos pacientes e pode levar à morte.

Os estudos entendem que essa sucessão de fatos é lógica e ajuda a explicar porque há vítimas graças a essa “segunda fase fatal” da doença. Também poderia identificar como a doença afeta alguns pacientes com outras comorbidades, como obesidade, diabetes e problemas cardiovasculares, que já têm as células endoteliais comprometidas.

Eles acreditam que medicamentos já utilizados para tratar essas condições podem ajudar a impedir que outros pacientes tenham complicações graves pela Covid-19. Niam Mangalmurti, intensivista pulmonar do hospital da Universidade da Pensilvânia ouvido pela Science, alerta que cada paciente pode responder aos tratamentos de formas diferentes, dependendo da saúde das células endoteliais de cada um.

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