General do governo nega militares na política
Foto: Adriano Machado / Reuters
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, disse que sobrevoou de helicóptero uma manifestação no fim do maio ao lado de Jair Bolsonaro porque esse é o “papel” que lhe cabe. Ele evitou fazer juízo de valor sobre os pedidos por intervenção militar dos manifestantes.
— Eu voei com o presidente, voei, é o papel que me cabe, o presidente me convida, eu como representante político das Forças Armadas, vou. Na manifestação, eu não fui.
O ministro disse que não é o papel do Ministério da Defesa decidir reprimir ou não esse tipo de manifestação antidemocrática, e sim aos órgãos de segurança pública, e frisou que as Forças Armadas seguem a Constituição Federal de 1988.
— Manifestação tem acontecido, manifestação pró, manifestação contra. As Forças Armadas não são um ente político. Representam um organismo de Estado. Nós temos um regramento jurídico que é a Constituição de 88. Se existe alguém que cumpriu fielmente o regramento jurídico e democrático foram as Forças Armadas.
O ministro foi questionado sobre o assunto em coletiva da pasta nesta quinta-feira, quando fez um balanço das ações das Forças Armadas no combate à pandemia realizadas nos últimos 90 dias.
Questionado sobre a interpretação de bolsonaristas radicais que entendem que o artigo 142 da Constituição Federal permitiria a intervenção das Forças Armadas como “poder moderador”, tese negada pela maioria dos juristas, o ministro evitou se posicionar.
Segundo Azevedo e Silva, há “uns que acham isso” do artigo 142, como Ives Gandra Filho, e as Forças Armadas “sempre mantiveram o papel delas” em momentos de crise após a aprovação da Constituição de 1988. Ele citou os dois processos de impeachment desde então.
— Não nos metemos em nada além do artigo 142, e do art 2º que determina que os Poderes têm que ser harmônicos, independentes.