Ministro da Defesa inventa desculpa para participação em ato
Foto: Dida Sampaio
Vinte e quatro horas depois de o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, sobrevoar ao lado do presidente Jair Bolsonaro uma manifestação antidemocrática, a pasta justificou a presença dele no helicóptero. Segundo o ministério informou ao Estadão, o general acompanhou o presidente para “checar as condições de segurança” da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes.
A segurança do presidente, porém, é feita pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), comandado pelo general Augusto Heleno, que não estava presente, e não pelo Ministério da Defesa.
A pasta também comentou o uso de um avião camuflado pelo presidente. Como mostrou o Estadão, Bolsonaro costuma utilizar uma aeronave branca. Segundo a Defesa, o modelo foi escolhido porque tem uma abertura na porta que permitiria “melhor visualização do local”. Esse detalhe permitiu que Bolsonaro acenasse para os manifestantes do alto e ao lado do ministro Fernando Azevedo.
Na ocasião, manifestante exibiam faixas contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e a favor de uma “intervenção militar”. De acordo com a Defesa, o ministro não participou do ato após a aterrissagem. Não foi a primeira vez que militares acompanharam Bolsonaro em atos com pauta antidemocrática. Os ministros general Heleno (GSI) e Luiz Augusto Ramos (Secretaria de Governo) também já o acompanharam. A Defesa não comentou sobre a agenda dos protestos deste fim de semana.
Procurado pelo Estadão, o governo não informou o valor das despesas que teve com o sobrevoo de helicóptero. A aeronave levou o presidente do Palácio da Alvorada ao Palácio do Planalto. De carro, o trajeto seria feito em minutos.
Quando retornou ao Palácio do Planalto, o presidente se juntou aos manifestantes, cumprimentou apoiadores que se aglomeravam em frente à sede do governo e, em seguida, montado num cavalo da Polícia Militar do Distrito Federal percorreu novamente o local, antes de retornar à residência oficial.
A presença do ministro da Defesa ao lado de Bolsonaro gerou críticas. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse não ver a participação no ato como uma sinalização positiva para os outros Poderes. “Isso vai gerando consequências. Consequências porque a gente sabe que a grande maioria da população discorda, diverge e não aceita que o valor democrático seja desrespeitado”, afirmou o deputado.