Moro dificulta formação de frente ampla
Foto: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo
A possibilidade de Sergio Moro participar do comício virtual pela democracia organizado pelo Direitos Já rachou o movimento. O convite foi proposto pelo deputado José Nelto (Podemos-GO). A reação de políticos de centro-esquerda foi imediata.
O ex-ministro Aldo Rebelo, por exemplo, afirmou: “Avisem quando estiver para acontecer”. Guilherme Boulos diz: “Se ele entrar por uma porta, eu saio por outra”.
O parlamentar goiano afirmou à coluna que defendeu o convite a Moro por ele ter tido a “coragem de poucos” de combater a corrupção e nunca ter se insurgido contra a democracia.
Ele lembrou que, para derrubar a ditadura militar, políticos como José Sarney e ACM saíram da Arena e aderiram ao campo democrático, na década de 1980.
Um outro ponto de discórdia no grupo foi a leitura de um documento na abertura do evento, no dia 26. Ele não tocava em Jair Bolsonaro. Líderes de oposição exigiram que o nome do presidente estivesse no texto.
A revelação, pela coluna Painel, de que o evento reuniria os ex-presidentes Michel Temer, José Sarney e FHC, e os ex-presidenciáveis Fernando Haddad (PT-SP) e Guilherme Boulos, além de Luciano Huck, gerou outra confusão.
Temer, que já tinha até enviado vídeo para o ato, e Sarney desistiram de participar. O presidente Dias Toffoli tinha confirmado presença e também deu um passo atrás.
O racha em torno de Moro e de outros temas explicitam a dificuldade de se formar uma frente ampla no Brasil. De acordo com uma das lideranças que participará do evento, o nível de esgarçamento nos últimos anos no Brasil foi enorme —e não há hoje liderança que consiga unir os distintos polos da disputa política.