Moro diz que sistema de Justiça erra

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Foto: Reprodução

Uma antiga dor de cabeça, chamada Rodrigo Tacla Duran, volta a atormentar o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, desta vez por obra do procurador-geral da República, Augusto Aras, que determinou que seja avaliada a possibilidade de retomada de sua delação. E o ex-juiz fez questão de deixar clara sua irritação em nota divulgada nesta quarta-feira, 3, na qual afirmou estar “perplexo” e “indignado” com a retomada das investigações de uma suposta tentativa de extorsão sofrida pelo ex-advogado da Odebrecht e doleiro, alvo da Operação Lava Jato e foragido do país desde 2016.

Tacla Duran acusou o advogado Carlos Zucolotto Júnior, amigo pessoal e padrinho de casamento de Moro, de envolvimento na extorsão que alega ter sofrido para não ser preso pela Lava Jato. O doleiro, que está na Espanha – ele tem cidadania espanhola -, diz ter pago 612 mil dólares a Zucolotto, que anos atrás foi sócio de um escritório de advocacia em que Rosângela Moro, esposa do ex-ministro, também teve participação. A possibilidade de reabertura do caso por Aras foi revelada pelo jornal O Globo nesta quarta-feira, 3.

O resgate da apuração, que foi arquivada em 2018, foi considerado pelo ex-juiz como uma forma de Aras tentar atingi-lo para satisfazer o presidente da República. “Causa-me perplexidade e indignação que tal investigação, baseada em relato inverídico de suposto lavador profissional de dinheiro tenha sido retomada e a ela dado seguimento pela atual gestão da Procuradoria-Geral da República logo após a minha saída, em 22/04/2020, do governo do presidente Jair Bolsonaro“, escreveu o ex-ministro na nota, divulgada de manhã.

À tarde, em conferência online realizada pela consultoria Arko Advice, ele voltou a tocar no assunto, “Fui surpreendido. Espero que não seja verdade. Mas se for, recebo com estranheza. Não posso fazer uma avaliação de intenção, mas por que reabrir agora, logo depois que eu deixo o governo? Mas, se for verdade, estou tranquilo de que nada houve de errado na Lava-Jato. Nós é que sofremos muitos ataques, de pessoas que, infelizmente, cometeram crimes e foram julgadas por eles”, disse. Segundo ele, Tacla Duran foi indiciado pela operação, fugiu do país e criou um álibi fraudulento.

Na nota, Moro ressaltou que as acusações do doleiro foram investigadas e arquivadas. “Os relatos de Rodrigo Tacla Duran sobre a suposta extorsão que teria sofrido na Operação Lava-Jato, com envolvimento de um amigo pessoal, Carlos Zucolotto Júnior, já foram investigados na Procuradoria-Geral da República e foram arquivados em 27/09/2018, com parecer do então vice-procurador-geral da República”, completou Moro.

“Como sempre frisei, ninguém está acima da lei, por tal razão, disponho-me a prestar qualquer esclarecimento que se vislumbre necessário sobre os fatos acima”, disse. “Lamento, outrossim, que mais uma vez o nome de um amigo seja utilizado indevidamente para atacar a mim e o trabalho feito na Operação Lava-Jato, uma das maiores ações anticorrupção já realizadas no Brasil”, finalizou o ex-juiz.

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