Patético, Witzel rasteja até Bolsonaro

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Foto: Agência O Globo

Depois de afirmar que a Operação Placebo, na qual a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão no Palácio das Laranjeiras, no fim de maio, teve a interferência do presidente Jair Bolsonaro, o governador do Rio, Wilson Witzel, amenizou as críticas ao adversário poítico. Em entrevista à Rádio BandNews FM nesta terça-feira (9), Witzel disse que espera ser recebido por Bolsonaro para “retomar o diálogo” e debater questões como o Regime de Recuperação Fiscal. E que há alguns anos a PF tem sido aparelhada e usada de forma política para “o assassinato de reputações”. O governador afirmou que tal prática teria começado na gestão do PT.

– É uma prática que vem acontecendo há muito tempo, o uso político da própria instituição para se fortalecer e ganhar força depois. Não estou dizendo que todos na instituição façam isso. O que levaram para o ministro (Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça) é uma narrativa fantasiosa da Operação Placebo. Não houve cuidado de se fazer investigação mais aprofundada. O assassinato de reputação, essa espetacularização, começou com o PT, com Romeu Tuma (ex-secretário Nacional de Justiça do governo Lula) – declarou.

Logo após a operação da PF que apreendeu documentos, celulares e computadores do governador e da primeira-dama, Helena, Witzel chamou Bolsonaro de ditador, negou todas as acusações e disse ser vítima de perseguição. A Operação Placebo investiga desvio de recursos públicos em contratos da Secretaria Estadual de Saúde.

Nesta terça-feira (9), o jornal “Folha de S.Paulo” publicou que o governador já teria comunicado a pessoas próximas que não fará mais oposição frontal ao presidente Jair Bolsonaro. Witzel não tem publicado críticas ao presidente em seu Twitter desde que passou a ser alvo de investigações. Segundo a nota, ele estaria temendo ser preso, assim como sua mulher, Helena Witzel, também investigada por suspeita de desvio de recursos públicos.

O GLOBO apurou que o vice-governador Cláudio Castro (PSC) é um dos bombeiros que têm atuado para tentar contornar a crise envolvendo a relação entre os governos estadual e federal. Ontem, em um vídeo postado em seus stories no Instagram para falar sobre o enfrentamento ao coronavírus, Witzel afirmou que “o governo federal e estadual estão unidos para salvar vidas”.

Ao ser indagado sobre a relação com Bolsnaro, Witzel disse que continua “tendo suas diferenças” com o presidente. Porém, admitiu que espera “retomar o diálogo”.

– Tenho minhas diferenças com o presidente e continuo tendo. Mas sempre foram críticas para ajudar nosso desenvolvimento econômico. Entendo que a PF passou a ter atuação mais política do que operacional há algum tempo. Espero que o presidente possa retomar diálogo comigo, pois isso é bom para o Rio e para o Brasil, para que possamos conversar. Tenho vários problemas aqui, como o Regime de Recuperação Fiscal, os royalties de petróleo… E soluções para apresentar ao presidente. Espero que o presidente possa me receber para que a gente converse e possa encontrar soluções. Serei sempre crítico de forma respeitosa – argumentou Witzel.

Ele ressaltou que vem recebendo auxílio do governo federal para o combate ao coronavírus.

– O Ministério da Saúde encaminhou 100 respiradores, testes… Então, apesar dos nossos embates, tenho percebido que o governo federal tem se aproximado do Rio de Janeiro.

Sobre a saída de Marcus Vinicius Braga da Secretaria da Polícia Civil, de onde partiram as investigações de fraudes que deram origem à operação da PF, o governador disse que o delegado tinha perfil mais operacional do que de gestão. Por isso, segundo Witzel, Flavio Britto, segundo na hierarquia da secretaria, assumiu o posto. O pedido de exoneração partiu do próprio delegado.

– Ele disse para mim que deu sua contribuição e até poderia ficar no meu gabinete me ajudando. Não sou eu que decido, é a pessoa. É normal, em qualquer governo, que as pessoas se cansem e peçam para sair. A Polícia Civil do Rio nunca trabalhou tanto quanto agora. É muito estafante pra quem está na linha de frente, e saiu por razões pessoais.

O Globo