Pedido de impeachment de Witzel pode vingar na Alerj
Foto: Domingos Peixoto / O Globo
A infrutífera tentativa do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, em conseguir ontem apoio da Assembleia Legislativa contra a abertura de um processo de impeachment esbarra em uma frase do presidente da Casa, deputado André Ceciliano: “A Alerj sempre vai ajudar o governo, mas ele não tem base”.
É inevitável, dizem juristas, não ignorar pedidos de impeachment vindos de deputados diante de investigação avalizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) que levou ao cumprimento de ordens de busca e apreensão no Palácio Laranjeiras e em endereços ligados a Witzel e sua mulher, Helena. E esses pedidos chegam em um momento em que se acumulam ressentimentos na Alerj contra o governador, que teve as contas de 2019 rejeitadas.
Mesmo depois de abandonado pelo presidente Jair Bolsonaro, o PSL se tornou, em quase sua totalidade, adversário do governador. Assim como Bolsonaro. Tanto que, na sexta-feira, um dos pedidos de impeachment protocolados era de um dos deputados da antiga legenda do presidente.
Os parlamentares reclamam também de pleitos não atendidos em ano eleitoral (cargos e emendas em favor de suas bases) e da força política do secretário de Desenvolvimento Econômico do governador, Lucas Tristão. Um dos homens fortes do governo, Tristão, segundo eles, não escuta o parlamento fluminense.
Para ilustrar a situação de Witzel, um deputado contabiliza em “no máximo três” a base fixa do governador. Para angariar apoio, ele terá que reabrir o diálogo com a Alerj, algo que afirmou que irá fazer em reportagem do GLOBO neste domingo. Ouvir e atender parlamentares é parte do ofício. Impossível é imaginar qual margem e quanto tempo o governador terá para atrair um grau seguro de apoio que evite a abertura do processo.