PF prende organizador de ato antidemocrático
Foto: Gabriela Biló/Estadão
Um dos alvos da operação da Polícia Federal desta terça-feira, 16, o empresário Luís Fernando Belmonte auxiliou na organização de ao menos um dos atos antidemocráticos realizados em Brasília, com defesa do fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal. Belmonte é o segundo vice-presidente do Aliança pelo Brasil, partido que o presidente Jair Bolsonaro tenta tirar do papel.
Como revelou o Estadão em maio, a legenda em formação serviu de ponte para os diferentes grupos que se mobilizaram para fazer a manifestação se organizassem. Em entrevista na época, Belmonte disse que não colocou nenhum centavo no evento, que prestou ajuda apenas como cidadão, e não como representante do partido.
“Eu coloquei eles em contato, chamei um, chamei outro. Fiz a questão de dizer que precisaria ter dois tipos de procedimento. Primeiro, que se limitasse a apoio ao presidente Bolsonaro e que se ativesse a questões de competência de cada Poder, e não fora (Rodrigo) Maia ou fora Congresso”, afirmou na ocasião.
Homem de confiança de Bolsonaro, com papel central no recolhimento de assinaturas para formação do partido de Bolsonaro, Bolmonte disse que fez alguns alertas sobre o que deveria ter a mobilização.
Ele chegou a ir pessoalmente no ato de domingo, quando Bolsonaro já tinha deixado a rampa do Palácio do Planalto. Conversou com as lideranças dos movimentos e declarou que era preciso reafirmar o apoio ao presidente, mas sem ruptura de Poderes.
Belmonte foi um dos principais financiadores do Aliança pelo Brasil em seu início. O partido ainda não obteve as assinaturas necessárias para obter o registro no Tribunal Superior Eleitoral.
O empresário foi responsável, por exemplo, por pagar o auditório escolhido para o ato de fundação da nova sigla, em novembro do ano passado. Ele é casado com a deputada federal Paula Belmonte (Cidadania-DF) e é suplente do senador Izalci Lucas (PSDB-DF).
Antes de se tornar operador político do Aliança pelo Brasil, Belmonte foi filiado ao PSDB, fez doações para legendas de esquerda, como PCdoB, e atuou como advogado do empresário Luiz Estevão, que cumpre uma pena de 26 anos por fraudes na construção do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo.
O inquérito em que Belmonte se tornou alvo apura quem são os financiadores dos atos que pedem o fechamento do Congresso e do Supremo. As diligências foram solicitadas pela Procuradoria-Geral da República e autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF. As ordens foram cumpridas em endereços residenciais e comerciais de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Maranhão, Santa Catarina e no Distrito Federal.
Segundo a Procuradoria-Geral da República, uma “linha de apuração é que os investigados teriam agido articuladamente com agentes públicos que detêm prerrogativa de foro no STF para financiar e promover atos que se enquadram em práticas tipificadas como crime pela Lei de Segurança Nacional”. A ação desencadeada nesta manhã mira apenas um político com foro junto ao Supremo, o deputado Daniel Silveira.