Só clamor e provas evitarão que PGR blinde Bolsonaro
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Apesar da disposição demonstrada pelo STF de tentar impor limites a Jair Bolsonaro, integrantes da classe política e do Judiciário avaliam que as principais investigações em andamento ainda dependem de provas inquestionáveis e pressão social para prosperarem. Isso porque o único com prerrogativa para oferecer denúncia é o procurador-geral, Augusto Aras, que vem manifestando discordância com o Supremo e afinidade com as pautas do presidente.
Segundo políticos e magistrados ouvidos pelo Painel, por enquanto os inquéritos têm como efeito prático aumentar tensões e, no máximo, desgastar a imagem de Jair Bolsonaro. Se nada mudar, as apurações estarão fadadas ao fracasso.
O procurador-geral foi contra todas as medidas de busca e apreensão na investigação de fake news. Nos bastidores, ele também tem dito não ver indícios de que Bolsonaro tenha praticado qualquer tipo de crime no caso que apura interferência na PF.
Na nota oficial que divulgou às 23h25 da sexta-feira (29) para dizer que estava incomodado com as especulações de seu nome para uma vaga no Supremo, Aras não citou uma só vez Bolsonaro, que um dia antes fez referência à situação, dizendo que considerava seu nome para uma terceira vaga, hoje inexistente.
O abaixo-assinado feito por procuradores a favor do processo tradicional de escolha do PGR, ou seja, contra Aras, já chegou a 641 adesões no fim de semana. As coletas continuam.
Apesar de não ter tido nenhum resultado prático, o HC assinado por André Mendonça (Justiça) para proteger Abraham Weintraub (Educação) foi bem recebido no Supremo.
A interpretação é que foi uma demonstração de respeito ao STF e que ajudou a lembrar o presidente quais são os caminhos quando há discordância de uma ordem judicial.