Suposta milícia bolsonarista envolvida no caso Marielle
Foto: Reprodução – 30.jun.2020 / CNN
Equipes da Polícia Civil do Rio de Janeiro, por meio da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), e do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado do Rio de Janeiro (Gaeco), do Ministério Público do Rio (MPRJ), deflagaram, na manhã desta terça-feira (30), a Operação Tânatos. Os agentes cumprem 20 mandados de busca e apreensão e 4 de prisão relacionados à investigação sobre o “escritório do crime”. A operação de hoje é um desdobramento das investigações que apuram o assassinato da veredora Marielle Franco e do motorista dela Anderson Gomes.
Até o momento, duas pessoas foram presas: Leonardo Gouvêa da Silva (conhecido como “MAD”), na Vila Valqueire, na Zona Oeste da cidade, e Leandro Gouvêa da Silva (“Tonhão”), no bairro de Quintino, Zona Norte. Os policiais estão nos bairros do Leblon e Barra da Tijuca e na favela Jorge Tuco, na Zona Norte da capital fluminense.
A operação mira chefes do “escritório do crime”, uma milícia formada por assassinos de aluguel que atua na Zona Oeste da cidade e que teria envolvimento com o assassinato de Marielle e Anderson, executados em março de 2018.
Ação conta com o apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ), da Corregedoria-Geral da Polícia Militar (PMRJ) e da Coordenação-Geral de Combate ao Crime Organizado da Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça e Segurança Pública (SEOPI/MJSP).
Os mandados foram expedidos com base em inquéritos da DHC que apuram o homicídio de Marcelo Diotti da Mata, em março de 2018, e a tentativa de execução do PM reformado Anderson Cláudio da Silva (“Andinho”). A investigação apontou o envolvimento do grupo criminoso nos crimes.
A operação desta terça é resultado de três denúncias apresentadas pelo Gaeco/MPRJ, que descrevem os crimes cometidos pelo “escritório do crime”, o qual tinha ligação com Adriano Magalhães da Nóbrega (“Capitão Adriano”). Ele foi denunciado na Operação Intocáveis, em janeiro de 2019, e teve prisão decretada. Acabou morto por agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar do RJ no dia 9 de fevereiro de 2020, durante uma operação que visava capturá-lo.
Em uma das denúncias apresentadas, afirma-se que o grupo criminoso emprega uso ostensivo de armas de fogo de grosso calibre. A agressividade e destreza nas ações finais revelam um padrão de execução. Fortemente armados e com trajes que impedem identificação visual, como balaclava e roupas camufladas, os atiradores desembarcam do veículo e seguem até o alvo, executando-o sem chances de defesa.
De acordo com o MPRJ, a organização possui estrutura ordenada e voltada principalmente para o planejamento e execução de homicídios encomendados mediante pagamento em dinheiro ou outra vantagem. Leonardo Gouvêa ocupa cargo de chefia e é encarregado da negociação, planejamento, operacionalização e coordenação quanto à divisão de tarefas. Já Leandro Gouvêa, irmão e homem de confiança de Leonardo, atua como motorista do grupo e é responsável pelo levantamento, vigilância e monitoramento das vítimas.
No dia 10 de junho, a polícia do RJ prendeu mais um suspeito de participação no crime durante a Operação Submersus 2, que cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão em diversos endereços da capital fluminense.
O sargento do Corpo de Bombeiros Maxwell Simões Corrêa, mais conhecido como Suel, foi preso num condomínio de luxo no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, onde a polícia também apreendeu uma BMW X6 avaliada em mais de R$ 170 mil. Seu salário na corporação é de cerca de R$ 6 mil por mês.
Ele é suspeito de ter ajudado a esconder armas dos acusados, entre elas, a que foi usada na emboscada contra a vereadora e o motorista dela. O militar já era investigado por agentes da Divisão de Homicídios da Capital e do Gaeco.
O nome de Maxwell apareceu nas investigações após a prisão de Ronnie Lessa e do ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, em março do ano passado.
Ronnie Lessa foi preso em março de 2019 suspeito de ser o homem que atirou na vereadora e no motorista Anderson Gomes, segundo denúncia do Ministério Público. Já o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, preso na mesma época, é suspeito de ter dirigido o Cobalt prata usado na emboscada contra Marielle.