Alunos de academias fazem fila para cancelar matrículas
Foto: Reprodução/Veja
A rede de academias Smart Fit tem registrado filas enormes de clientes. Não para treinar, mas para fazer o cancelamento do plano. Na unidade da Rua Barão de Limeira, no centro de São Paulo, mais de vinte alunos aguardavam em fila para assinar a ruptura de contrato na tarde desta terça, 14. Diante da alta demanda, a Smart Fit criou uma fila própria para organizar a entrada de pessoas com o objetivo de encerrar a parceria.
Há duas razões para explicar a debandada. Uma, natural, é efeito da crise econômica acarretada pela pandemia. Outra diz respeito ao fato de Edgard Corona, o famoso acionista da rede de academias, estar sendo investigado por financiar fake news no processo comandado pelo Supremo Tribunal Federal. Durante o tempo em que ficou fechada por medida sanitária, a rede não autorizou que seus alunos quebrassem o contrato pela internet. Pelo site Reclame Aqui, diversas pessoas se queixaram da impossibilidade de fazer o cancelamento por plataformas digitais — algumas usaram a decisão de deixar a empresa justamente pela investigação das fake news. A empresa exigia que esperassem as portas das unidades abrirem. O Procon acionou a empresa por dificultar o cancelamento.
Com a autorização da prefeitura paulistana para academias retomarem as atividades, o efeito colateral chegou. Há mais gente na fila para cancelar o contrato do que dentro da academia treinando. A unidade da Rua Barão de Limeira tem 4 000 alunos cadastrados. Quando eclodiu a investigação do STF envolvendo o nome de Corona, a fachada da unidade amanheceu pichada como forma de protesto. A rede pintou o local no mesmo dia.
Até dezembro de 2019, a rede SmartFit contava com 2,5 milhões de alunos e 730 unidades espalhadas por dez países. A empresa chamou a atenção do mercado quando o fundo canadense CPPIB comprou 12,4% do grupo por 1,07 bilhão de reais, avaliando a companhia em 8,6 bilhões. A aquisição foi em novembro passado.
Procurada por VEJA, a Smart Fit mandou o seguinte comunicado: “Em 14 de julho, a unidade da Barão de Limeira registrou 8 pedidos de cancelamento de plano, o que corresponde a 0,2% da base de alunos da unidade”.