Bolsonaro diz que má imagem do Brasil é “distorção”
Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
Ao participar da primeira reunião virtual de cúpula de presidentes do Mercosul, o presidente Jair Bolsonaro fez um apelo para que os líderes do bloco instruam seus negociadores a deixarem prontos, para serem assinados ainda neste semestre, os acordos de livre comércio com a União Europeia (UE) e o Efta (bloco formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein). Bolsonaro afirmou que, da parte do Brasil, seu governo está procurando corrigir o que chamou de “opiniões distorcidas” que arranharam a imagem do país no exterior.
— Nosso governo vai desfazer opiniões distorcidas sobre o Brasil, mostrando ações que temos tomado em favor da Floresta Amazônica e do bem-estar das populações indígenas — disse Bolsonaro.
Alguns países europeus, como França, Irlanda e Áustria, sinalizaram que não pretendem ratificar o acordo com o Mercosul. Citam o aumento do desmatamento no atual governo e o estímulo à grilagem de terras, que prejudica, além do meio ambiente, comunidades indígenas e quilombolas.
Nesta segunda-feira, um grupo de investidores internacionais que gere US$ 3,75 trilhões (cerca de R$ 20 trilhões) em ativos enviou na uma carta aberta a embaixadas brasileiras em oito países manifestando preocupação com o “desmantelamento de políticas ambientais e de direitos humanos” no Brasil.
Bolsonaro aproveitou para provocar o argentino Alberto Fernández, seu desafeto desde a campanha presidencial na Argentina, devido à proximidade com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele criticou o governo do venezuelano Nicolás Maduro — reconhecido por Fernández como presidente da Venezuela — e lamentou que Jeanine Áñez, que assumiu a Presidência da Bolívia com o apoio do governo brasileiro, após a renúncia de Evo Morales, não tenha participado ativamente dos trabalhos realizados pelo Mercosul nos últimos seis meses. A Bolívia é membro associado do Mercosul, e Morales está exilado na Argentina, que não reconhece o governo de Áñez.
— Estamos na expectativa de que [a Venezuela] retome o quanto antes o caminho da liberdade. E lamento que o governo de Jeanine Áñez não pôde participar dos trabalhos ao longo do semestre — declarou Bolsonaro, na primeira vez em que participou de uma reunião com o presidente argentino.
Em mais uma alfinetada em Fernández e usando um tom menos conciliador do que o líder argentino, Bolsonaro defendeu a revisão da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul, usada no comércio com mercados que não fazem parte do bloco. Enquanto o Brasil conta com o apoio do Paraguai e do Uruguai ao buscar a abertura dos mercados por meio da redução das alíquotas de importação, a Argentina pede cautela, alegando estar preocupada em proteger suas indústria.
— A reestruturação interna e a reforma da TEC são medidas indispensáveis para consolidar o Mercosul como fonte de prosperidade para nossos povos — afirmou.
Bolsonaro afirmou que tem como prioridade dar mais eficiência ao Estado e tornar a economia brasileira mais dinâmica. Lembrou que conseguiu aprovar, no ano passado, a reforma da Previdência e destacou que seu objetivo é melhorar o ambiente de negócios e atrair mais investimentos.
— Buscamos mais e melhor inserção do Brasil no mundo e o Mercosul é o principal veículo para essa inserção.
Disse que o Brasil quer avançar em negociações com Canadá, Coreia do Sul, Cingapura e Líbano. Acrescentou que também pretende expandir os acordos que já existem com Israel e Índia.