Cannabis pode ajudar médicos na pandemia
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A Associação Brasileira de Apoio a Cannabis Esperança (Abrace) deu início à primeira etapa de uma pesquisa que vai avaliar o impacto dos canabinoides no tratamento dos sintomas de estresse agudo e crônico em profissionais da saúde que atuam na linha de frente da Covid-19.
A entidade, única no Brasil a ter permissão judicial para cultivar cannabis para uso medicinal, vai recrutar 300 médicos e enfermeiros para um estudo clínico com óleo a base de substâncias encontradas na planta.
A pesquisa foi validada no final de junho pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e será conduzida por profissionais da UFSC e da Abrace.
A CNN conversou com o farmacêutico Murilo Chaves Gouvêa, integrante da Abrace e um dos coordenadores da pesquisa. Segundo ele, os efeitos ansiolíticos dos produtos à base da planta já foram comprovados cientificamente. “Queremos agora trazer uma robustez científica pra mostrar que aqui no Brasil nós conseguimos fazer estudos de impacto com a cannabis”, afirma.
Para participar da pesquisa, os profissionais de saúde não podem apresentar condição psíquica severa, fazer qualquer tratamento com canabinoides e nem ser usuário regular de maconha.
No estudo, parte dos pacientes receberá doses do óleo integral de cannabis, com concentração de 100mg/ml de canabidiol (CBD) e baixos índices de THC, que é a substância psicoativa da planta. Outra parte receberá placebo.
No Brasil, os produtos à base de maconha são utilizados para tratar casos de epilepsia, autismo, Alzheimer e dores crônicas, entre outros.
No final do ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamentou a venda de produtos medicinais à base da planta nas farmácias brasileiras, mediante prescrição médica. A produção também foi autorizada, mas só com matéria prima importada.
O cultivo de cannabis para fins terapêuticos ou científicos no Brasil não é permitido, mas algumas famílias que alegam dificuldades financeiras para comprar a medicação têm conseguido na justiça autorização para plantar.
A Abrace será responsável por produzir o óleo que será usado no estudo e recrutar os voluntários. O cadastro pode ser feito pelo link https://abraceesperanca.org.br/home/pesquisa-covid/
Isolamento social
Um levantamento feito pela HempMeds Brasil mostra que 87% dos médicos que já prescrevem cannabis para fins medicinais no país receitaram produtos a base da planta para pacientes com queixas de transtornos mentais causados pelo isolamento social durante a pandemia do novo coronavírus.
A HempMeds Brasil chegou no Brasil em 2014 e hoje é a maior empresa fornecedora de CBD no país atendendo cerca de 2.000 pessoas e com aproximadamente 2.000 médicos prescritores do medicamento.
De acordo com a porta-voz da marca, Adriana Grosso, os pacientes relatam aos médicos que a ansiedade é o principal sintoma, seguido de depressão e transtornos psiquiátricos.
Com a utilização do CBD, a porta-voz explica que o remédio age de forma para restabelecer o equilíbrio do organismo e que o efeito demora, em média, 30 dias. “O sistema endocanabinoide, que é formado por receptores e substâncias químicas, eles interagem entre si, faz com que o organismo fique bem e estável. Quando tomamos o canabidiol, ele reforça o estado de equilíbrio, atuando exatamente do sistema endocanabinoide.”
Ao todo foram ouvidos 31 profissionais e 35,5% afirmaram que nos últimos 50 dias, atenderam entre seis e dez novos pacientes com sintomas psicológicos por causa do isolamento social.
Existem em torno de 4 milhões de brasileiros com alguma doença que pode ser tratada com a cannabis medicinal, entre elas, depressão, ansiedade e distúrbios do sono.
Apesar de o remédio ser pouco conhecido no Brasil e o país apenas importar o produto, encarecendo muito o medicamento, Adriana Grosso acha que o produto tem grandes chances de crescer no mercado “Já temos vários artigos científicos e publicações que mostram que o CBD associado ou não ao THC tem grande poder antipsicótico, antiosiolitico, antidepressivo, diante dessa base científico tem potencial para serem utilizados”