Diretor da OMS contesta tese de imunidade de jovens à covid19
Foto: Denis Balibouse / Reuters
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse, nesta quinta-feira, que os picos no número de novos casos de Covid-19 em alguns países foram causados, em parte, por jovens que “baixaram a guarda”. Ele ainda acrescentou que o mundo precisa aprender a conviver com a doença.
— Já dissemos isso antes e vamos repetir: os jovens não são invencíveis. Eles podem se contaminar e morrer — disse Tedros em uma entrevista. — Os picos recentes [de casos] foram impulsionados por jovens que baixaram a guarda no verão do hemisfério Norte.
Em todo o mundo, segundo levantamento da universidade americana Johns Hopkins, já há mais de 17 milhões de casos de Covid-19 e mais de 660 mil mortes. Nesta segunda-feira, o governo da Catalunha, na Espanha, já havia pedido que os jovens parem de ir a festas. Com o aumento de infecções, autoridades poderiam voltar a impor medidas rígidas de restrição.
Apesar de, atualmente, os Estados Unidos, o Brasil e a Índia estarem a frente na quantidade de infecções no mundo, países europeus estão se vendo diante de um novo aumento dos casos dois meses após o fim das quarentenas. Embora esteja longe de um pico, isso acende o sinal amarelo. Autoridades de saúde temem que as populações estejam relaxando o distanciamento social e fazem apelos para que as pessoas se mantenham em guarda.
Segundo os dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da Europa, a taxa de notificação de casos registrados nos últimos 14 dias apresentou tendência de crescimento em pelo menos sete dos países mais atingidos em março e abril, entre eles a Espanha, a França e a Bélgica. O temor é que o descumprimento das diretrizes faça com que a situação saia de controle.
À BBC, o diretor da Organização Mundial da Saúde no continente, Hans Kluge, já havia afirmado que a alta do contágio entre a população jovem pode ser um dos fatores que contribuem para a tendência de alta. Imagens de boates lotadas em Ibiza e aglomerações de jovens adultos em Lisboa e Paris, por exemplo, chamam atenção.
— Estamos recebendo relatórios de várias autoridades de saúde sobre uma proporção maior de novas infecções entre jovens. Para mim, é o suficiente para repensarmos a melhor maneira de envolver os jovens — disse Kluge. — Eles têm uma responsabilidade em relação a si mesmos, a seus pais, avós e comunidades. E agora sabemos como adotar comportamentos bons e saudáveis, então vamos aproveitar esse conhecimento.
A situação é particularmente crítica na Espanha, onde os focos infecciosos se concentram nas regiões de Aragão, Navarra e Catalunha. Nos últimos 14 dias, o país registrou uma taxa de 51,1 novos casos para cada 100 mil habitantes. O número é bastante inferior aos 217 casos por 100 mil habitantes registrados no início de abril, mas ainda assim é cinco vezes superior à média vista no meio de junho.
Frente a isso, a Alemanha e a França desaconselharam viagens para o território espanhol. Similarmente, Reino Unido e a Noruega, estipularam quarentena obrigatória para aqueles que tiverem pisado no país. Portugal, onde a taxa de disseminação é de 33,8 para cada 100 mil habitantes, também sofre restrições de nações como Irlanda, Bélgica e Finlândia.