Equipe de governo do país pode ter sido toda contaminada
Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo
O resultado positivo do presidente Jair Bolsonaro para Covid-19 levou a cúpula do governo a fazer um novo exame para conferir se também estão infectados pelo novo coronavírus. Ministros que tiveram contato com o presidente na última segunda-feira passaram por novas checagens nesta terça-feira. Walter Braga Netto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Jorge de Oliveira (Secretaria Geral da Presidência) fizeram testes rápidos na manhã desta terça-feira e, após terem resultado negativo, decidiram manter as agendas de atendimento em seus gabinetes no Palácio do Planalto.
Braga Netto vai receber o vice-presidente Hamilton Mourão, e outros ministros, como Tarcísio Freitas (Infraestrutura), Ernesto Araújo (Relações Exteriores); Tereza Cristina (Agricultura); Fábio Faria (Comunicações); Ricardo Salles (Meio Ambiente); Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo, Roberto Campos Neto (Banco Central) e o presidente da Apex, Sergio Ricardo Segovia. Já Ramos receberá os deputados federais Dr. João (PROS-BA) e Wilson Santiago (PTB-PB). A agenda de Jorge Oliveira mantém apenas “despachos internos”.
O teste rápido, feito pelos auxiliares do presidente, não é o mais indicado para diagnóstico e tem baixa precisão, com risco de dar falsos negativos. Isso porque ele identifica anticorpos produzidos pelo corpo após a exposição ao vírus. Deve ser feito depois do 8° dia de sintomas. Antes disso, sua sensibilidade é baixa. O exame usado para fechar diagnósticos é o do tipo molecular (RT-PCR), feito em laboratório a partir da coleta de secreções do aparelho respiratório do paciente, conforme diretrizes internacionais adotadas no Brasil.
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, que esteve com Bolsonaro no churrasco de sábado na Embaixada dos Estados Unidos também passou por um novo exame na manhã desta terça-feira e aguarda o resultado. Ele mantém a agenda no gabinete, mas, segundo aliados, está tomando “cuidados redobrados”. No gabinete, o ministro está usando máscara, fazendo videoconferências e mantendo distanciamento dos funcionários, dizem aliados. Já o embaixador americano, Todd Chapman, afirmou que ele e sua mulher tiveram resultado negativo para a doença, mas que ambos vao permanecer em casa em quarentena. A embaixada disse que os demais funcionários que podem ter sido expostos ao vírus estão passando por exames.
Já o ministro da Economia, Paulo Guedes, decidiu fazer isolamento e está trabalhando de casa. O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, também passou por teste nesta terça, apesar de não apresentar sintomas. Ele está isolado em casa enquanto aguarda o resultado do exame. Já o resultado do exame do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, que viajou com Bolsonaro para Santa Catarina, deu negativo e ele deve retomar a rotina normal de trabalho.
Nesta terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro afirmou ter testado positivo para o Covid-19. Na noite de segunda-feira, com febre de 38°C, Bolsonaro procurou o Hospital das Forças Armadas (HFA) para fazer uma ressonância do pulmão após sentir-se mal. Ele vinha se queixando de mal-estar desde o último sábado. Mesmo sem saber o diagnóstico, o presidente afirmou ter tomado hidroxicloroquina com azitromicina. Não há comprovação científica da eficácia do uso destes medicamentos. e mortes.
O presidente anunciou nesta terça-feira já estar se sentindo melhor e estar sem febre. Ele afirmou que fará isolamento no Palácio da Alvorada e trabalhará de forma remota, por meio de videoconferência. Toda a agenda do presidente foi cancelada. Ele tinha pelo menos duas viagens programadas, uma à Bahia e outra a Paracatu (MG), mas ambas foram suspensas. A reunião do conselho ministerial e um café da manhã com a bancada de Goiás também foram prorrogados.