Lava Jato insinua que Aras é “sem consciência’
Foto: Adriano Machado/Reuters (25.set.2019)
Os procuradores da Lava Jato do Rio de Janeiro incluíram uma provocação direta ao procurador-geral, Augusto Aras, no recurso que apresentaram ao Supremo para tentar reverter a decisão que franqueou a Aras acesso irrestrito a todo o banco de dados das forças-tarefas do Rio, de São Paulo e de Curitiba.
Na epígrafe do recurso —o trecho inicial do pedido que, geralmente, traz uma citação—os procuradores destacaram um trecho de um voto antigo do ministro Celso de Mello, que diz que é preciso zelar pela dignidade institucional do Ministério Público e “impedir que procuradores-gerais, despojados da consciência que lhes impõe o momento histórico que vive a Instituição, venham, por razões menores ou pela desprezível vontade de agir servilmente, a degradá-la”.
O trecho que cita “procuradores-gerais despojados de consciência” foi negritado e sublinhado no texto do recurso dos procuradores contra Aras.
O trecho final da citação do voto de Mello usado pela Lava Jato do Rio aponta para o risco de o Ministério Público ser transformado em “inaceitável instrumento de pretensões contestáveis”.
O recurso da Lava Jato do Rio é o mais novo capítulo da queda de braço entre os procuradores e o procurador-geral, Augusto Aras, que queria fiscalizar o trabalho das forças-tarefas e aponta para a possível existência de abusos no curso das investigações.
Aras enfrenta forte resistência interna. E sua ofensiva sobre as forças-tarefas da Lava Jato ampliou a resistência interna ao seu nome.