Lula volta ao STF por conversas da Vaza Jato

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Foto: Charles Platiau/Reuters

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a pedir ao STF (Supremo Tribunal Federal) compartilhamento das mensagens trocadas entre os procuradores da força-tarefa da Lava Jato e o ex-juiz Sergio Moro alegando “fatos novos” da Vaza Jato, nome dado às reportagens divulgadas pelo The Intercept Brasil com parceria de veículos de imprensa.

Segundo reportagem publicada ontem pela Agência Pública em parceria com o Intercept, a agente americana Leslie R. Backschies foi designada pelo FBI para ajudar nas investigações da Lava Jato, em 2014.

Para os advogados do ex-presidente, a reportagem revela “novos elementos da colaboração secreta — e ilegal — havida entre os procuradores da força-tarefa da Lava Jato com autoridades norte-americanas”.

“O material poderá revelar a extensão da atuação ilegal dos procuradores da República nos atos de persecução realizados contra o Paciente (Lula)”, acrescenta a defesa.

Os advogados do petista apresentaram o pedido de habeas corpus liminar em agosto do ano passado para que todos os processos contra ele no Paraná fossem suspensos e que ele fosse solto liminarmente por suspeição (suposta parcialidade) dos procuradores que atuaram no processo do tríplex do Guarujá. Lula foi solto em novembro após o STF decidir que um condenado só pode ser preso após o trânsito em julgado (o fim dos recursos).

Posteriormente, a defesa protocolou uma petição reiterando o pedido. A manifestação incluía reportagem publicada pelo UOL, mostrando que procuradores da força-tarefa da Lava Jato ironizaram a morte da ex-primeira dama Marisa Letícia, mulher de Lula, bem como o luto do ex-presidente pela morte de seu irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá.

No fim de agosto, o ministro Edson Fachin, negou liminar na ação. Ele também negou o pedido de produção de provas. O petista havia pedido que o ministro Alexandre de Moraes fosse consultado sobre a possibilidade de compartilhamento das supostas mensagens trocadas entre os procuradores e outras autoridades, que dissessem respeito a Lula.

Nesta nova petição, protocolada ontem, os advogados voltaram a pedir o compartilhamento dos arquivos que instruem o inquérito sob relatoria de Moraes no tocante as mensagens trocadas entre os procuradores e Moro por meio de aparelhos funcionais e que foram apreendidas no âmbito da Operação Spoofing, que resultou na prisão de quatro suspeitos de hackear telefones de autoridades, e que digam respeito ao ex-presidente.

Ontem, Lula afirmou que a suposta proximidade entre o FBI e a Lava Jato tinha como objetivo a Petrobras e o pré-sal brasileiro. Ele disse ainda que “um dia, a história vai ser contada em toda sua verdade”.

Nas redes sociais, o ex-presidente brasileiro — condenado a 17 anos de prisão, sentença mantida por unanimidade pela 8ª Turma do tribunal que revista os processos da Operação Lava Jato — repercutiu a reportagem e sugeriu que o objetivo seria acabar com empresas brasileiras que estavam ganhando licitações das americanas no Oriente Médio.

Em nota enviada à Agência Pública, a força-tarefa da Lava Jato reiterou que “além dos pedidos formais por meio dos canais oficiais, é altamente recomendável que as autoridades mantenham contatos diretos. A cooperação inclui, antes da transmissão de um pedido de cooperação, manter contatos, fazer reuniões, virtuais ou presenciais, discutir estratégias, com o objetivo de intercâmbio de conhecimento sobre as informações a serem pedidas e recebidas.”

Uol