MP faz operação em SP e RJ contra desvios na Saúde

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Reprodução – 23.jul.2020 / CNN

O Ministério Público do Rio de Janeiro faz uma operação, na manhã desta quinta-feira (23), no Rio de Janeiro e em São Paulo, na qual investiga desvios de recursos públicos na área da saúde. Os policiais cumprem ao menos 5 mandados de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão em casas e empresas.

O principal alvo da ação é o Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas), organização social que administra alguns hospitais de campanha no país, dentre eles o do Anhembi, para atender pacientes com Covid-19.

A investigação centra-se na antiga gestão do grupo, que teria recebido cerca de R$ 4,3 bilhões em recursos públicos entre 2009 e 2019, e não tem relação com a construção dos hospitais de campanha.

No RJ, os policiais prenderam preventivamente o empresário Luis Eduardo Cruz – ex-controlador do Iabas e acusado de ser o administrador oculto do grupo –, a mulher dele, Simone Cruz, além de Adriane Pereira Reis, apontada como testa de ferro do casal, Marcos Duarte da Cruz, meio-irmão de Luis, e Francesco Favorito Sciammarella Neto, também empresário e envolvido no esquema.

Luis Eduardo e Simone já foram presos em 2018, acusados de desvio de dinheiro em torno de R$ 6 milhões.

Em SP, os agentes deixaram a sede do MP por volta das 5h30 e seguiram para o endereço do Iabas, na Vila Mariana, zona sul da capital paulista.

Também há mandados sendo cumpridos na casa de Luciano Moreira, no bairro da Saúde, zona sul de SP. Segundo a delegada que atua na investigação, ele deixou o cargo de presidente-diretor do Iabas há pouco mais de uma semana.

Na residência de Moreira, os policiais encontraram – inesperadamente – alguns animais exóticos, como um macaco, tartarugas e aves, e acionaram a Polícia Ambiental para investigar a possibilidade de crime ambiental. Por conta disso, Moreira será conduzido à delegacia para prestar esclarecimentos.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de SP, são cumpridos dois mandados de busca e apreensão e um de prisão temporária na capital paulista.

A Polícia Civil do RJ afirma que foi arquitetado um “complexo esquema criminoso para a dissimulação do desvio desses recursos, com repasses fraudulentos de verbas para empresas intermediárias prestadoras de serviços”.

Os investigados são suspeitos de desviar mais de R$ 6,2 milhões dos cofres públicos com o pretexto de realização de serviços de exames laboratoriais, jardinagem nas unidades de saúde, aluguel de veículos e manutenção predial por quatro fornecedores.

Segundo o MPRJ, após o fechamento dos contratos e a captação dos valores, eram encaminhadas as contratações de serviços e bens para as empresas envolvidas, comandadas pelo Iabas, com pagamentos superfaturados.

As investigações também apontaram para lavagem de dinheiro, já que os valores retornavam aos principais dirigentes do Iabas através de empréstimos simulados, transações financeiras estruturadas e pagamentos de cheque fracionados, que tinham como destinatários funcionários ou parentes de Luis Eduardo.

Os investigados podem responder pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Além do Iabas, as empresas Arboreas Consultoria e Execução de Projetos Ambientais, Laboratório de Análises Clínicas Ipanema, Escala X Arquitetura Manutenção e Design, e Real Selection Comércio de Veículos também estão envolvidas no esquema.

A ação é comandada pelo Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (GAECC/MPRJ) e o Departamento Geral de Investigação à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCOR-LD), e conta com o apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ), a Polícia Civil do Rio de Janeiro e de São Paulo.

CNN Brasil