Olavismo frita novos ministros
Foto: Reprodução/O Globo
Além de ocuparem cadeiras importantes no governo, três representantes do primeiro escalão da gestão de Jair Bolsonaro compartilham, nas últimas semanas, a mesma sina: a de serem frequentemente criticados e avaliados negativamente nas redes sociais por usuários bolsonaristas.
A tendência desfavorável, constatada em um levantamento elaborado pela consultoria Quaest, abrange menções no Twitter sobre Jorge Oliveira (Secretaria-Geral da Presidência), André Mendonça (Justiça) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo). Os dados foram coletados entre 1º de junho e o último dia 8.
A situação mais expressiva é a de Oliveira. Ele foi mencionado 47,6 mil vezes no período. Entre as publicações sobre ele, 74,1% foram negativas e apenas 17,6% se mostraram positivas (o restante, equivalente a 8,2%, foi neutro). No mês passado, o descontentamento da base em relação ao ministro, com assento no Palácio do Planalto, se acirrou quando ele divulgou uma nota defendendo o respeito às instituições após militantes pró-governo atirarem fogos de artifício em direção ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O ruído causado pela divulgação do texto fez com que Oliveira tentasse se defender publicamente, afirmando em entrevistas que não havia feito uma defesa exclusiva da Corte e que suas palavras se estendiam à necessidade de se respeitar as ações do Executivo.
A estratégia não funcionou, e influenciadores de direita seguiram pedindo, via Twitter, que Oliveira deixe o cargo. O blogueiro Allan dos Santos mencionou o ministro sete vezes no período analisado pela Quaest e chegou a fazer coro a uma publicação que classificava a nota do ministro como “traidora e inaceitável”. Na conta da servidora pública Sarita Coelho, também relevante para o bolsonarismo na web, houve 36 citações: “O Brasil precisa saber quando Jorge Oliveira e André Mendonça serão dispensados do governo”, diz uma delas.
Sobre Mendonça, as críticas são menos numerosas, mas nem por isso podem ser consideradas brandas. Citado 7.154 vezes no período, o ministro da Justiça foi criticado em 58,9% das ocasiões, enquanto somente 27,8% das mensagens sobre ele eram positivas e outras 13% neutras. Houve insatisfação após uma visita ao ministro do STF Alexandre de Moraes, que os inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos.
Criticado pelo escritor Olavo de Carvalho por supostamente tolerar ideologias de esquerda no governo, Ramos foi citado 3,5 mil vezes, com aspecto negativo em 56,3% delas. O chefe da Secretaria de Governo também entrou na mira de olavistas por articular as negociações com o centrão, que envolvem nomeações para cargos no governo federal em troca de apoio a Bolsonaro no Congresso.