Pesquisador da Embrapa é “guru ideológico” de Bolsonaro
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Espécie de “guru ambiental” de Jair Bolsonaro, o pesquisador da Embrapa Evaristo de Miranda disparou em redes texto questionando dados sobre queimadas na Amazônia: “Onde há fumaça, nem sempre há fogo”, foi reação à entrevista ao Estadão de Walter Schalka, executivo do Grupo Suzano, crítico à política ambiental do governo (“caminhamos para o precipício ambiental”). Miranda disse que algumas narrativas “ignoram fatos”. A “resposta” dele pegou mal entre governistas que sabem da importância de reconhecer a crise do meio ambiente no País.
“Essa fumaça sem fogo e sem ciência não ajuda na busca de soluções, por melhores que sejam as intenções”, diz Miranda, que é técnico e tem certo reconhecimento internacional por suas publicações.
Com base no Inpe, ele diz ter ocorrido redução nas queimadas (comparando de janeiro ao começo de julho de 2020 com o mesmo período de 2019). Mas os cálculos são muito controversos.
Carlos Rittl, pesquisador sênior visitante do Instituto de Estudos Avançados em Sustentabilidade de Potsdam (Alemanha), chamou o recorte temporal de “enviesado”: inclui meses em que, em geral, há muito menos incêndios, por causa das chuvas.
A expectativa, segundo Rittl, é de haver ainda mais incêndios neste ano, até porque o desmatamento tem sido maior.
O Inpe também mostra que os incêndios no mês de junho, quando começam para valer as queimadas, foram os maiores para o mês nos últimos 13 anos.