Professora da UFRJ diz que gestão militar na Saúde é “melancólica”
Foto: Mônica Imbuzeiro
“A passagem dos militares pela gestão do Ministério da Saúde é melancólica. Sem bravura para enfrentar a Covid-19, passam seus dias descobrindo novas funções para o SUS. A Saúde passou a ser receptora das toneladas de cloroquina fabricadas em laboratórios do Exército e de filhas desempregadas de generais. A morte de quase 90 mil compatriotas não mobiliza a defesa da pátria. O SUS, ao invés de campo de batalha pela Saúde, virou agência de empregos. Enquanto o país tem uma taxa de subutilização da força de trabalho de 24,2%, combatentes estrelados, exercendo atividades para as quais não têm competência, nomeiam profissionais sem formação na Saúde. A única demonstração de força foi um arroubo do coronel que ocupa cargo importante no Ministério. O oficial recomendou, na Câmara dos Deputados, a compra de insumos superfaturados, desde que acompanhada por sindicâncias — orientação contrária às regras elementares da administração pública.
‘Enfrentamento’, ‘controle’ e ‘campanha’, metáforas de guerra, adotadas pela ciência para delinear estratégias de ação durante a pandemia, perderam significado para quem impávido assiste o país perder vidas”.