PSL de SP expulsa deputados bolsonaristas
Foto: José Antonio Teixeira/Alesp – 10.jan.2020
Os deputados estaduais paulistas Gil Diniz e Douglas Garcia foram expulsos do PSL (Partido Social Liberal) na noite desta quarta-feira (15). Apoiadores de Jair Bolsonaro, eles estavam em atrito com a direção regional do partido, que hoje se opõe ao presidente.
Segundo o deputado federal Junior Bozzella, presidente do diretório estadual, ambos foram expulsos após deliberação da Comissão de Ética, por participarem de atos contrários à democracia e a instituições como o STF (Supremo Tribunal Federal).
Foi deliberada a expulsão, conforme nota do dirigente, por práticas que afrontam o estatuto do partido, especialmente o artigo que “veda atividades políticas contrárias ao regime democrático, caracterizadas pela conduta dos dois deputados em manifestações que atentam contra o STF e seus ministros”.
Ainda de acordo com o comunicado, os parlamentares tiveram amplo direito de defesa, mas não negaram os fatos.
“O PSL tem, em seus princípios históricos, a defesa da democracia e o fortalecimento das instituições como fundamentos inalienáveis, pelos quais todos que optem por se filiar ao partido têm ciência clara e ampla”, prossegue a nota do partido.
Os dois deputados já estavam suspensos das atividades partidárias, por decisão da cúpula do PSL, pelos mesmos motivos que embasaram a expulsão.
Ambos também são investigados no inquérito das fake news, que corre no STF e apura ataques e ameaças à corte e a seus integrantes. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, determinou que eles prestem depoimento.
O gabinete de Douglas na Assembleia chegou a ser alvo de operação de busca e apreensão da Polícia Federal, no âmbito do inquérito, em maio.
Diniz reagiu à decisão do PSL dizendo que “é uma honra ser expulso pelo deputado Junior Bozella, num resultado claramente viciado”.
Ele afirmou que jamais participou de atos antidemocráticos. Também negou que sua suspensão e a do colega, no fim do mês passado, tenha sido em razão do inquérito das fake news, que os investiga.
“Nós estamos sendo sistematicamente perseguidos pelo partido, e isso não é bom para a democracia”, disse.
Apesar disso, os parlamentares não pretendem recorrer da decisão.
Douglas, em uma rede social, também se disse vítima de perseguição política e afirmou que “é uma honra ser expulso por permanecer conservador e defender essas pautas”.
“É mentira [o motivo justificado pelo partido]. Eu jamais apoiei atos antidemocráticos. Todo mundo sabe que eu sempre defendi a democracia e sempre vou defender”, disse.
Pela legislação em vigor, parlamentares expulsos de legendas mantém o mandato e ficam livres para se filiar a outra agremiação, se quiserem.
“Por enquanto nós estamos sem partido”, informou Douglas. “Continuo trabalhando. Eu ainda posso votar, discutir, abrir requerimento.”
Os dois aliados de Bolsonaro são alguns dos mais barulhentos deputados da atual legislatura. Eles já foram alvos de processos no Conselho de Ética da Casa por discussões com colegas.
Douglas chegou a receber uma advertência por ter dito, em plenário, que tiraria “no tapa” uma transexual que usasse o mesmo banheiro feminino que sua mãe ou sua irmã.
Os processos que resultaram na punição foram movidos pela deputada Erica Malunguinho (PSOL), que é trans e acusou o colega de transfobia, e pela deputada Professora Bebel (PT).
A disputa de poder dentro da bancada do PSL se arrasta desde o ano passado, e se intensificou com a saída de Bolsonaro do partido. A legenda hoje está firmemente nas mãos de seu presidente nacional, Luciano Bivar (PE), de quem Bozzella é aliado.
Há também um componente eleitoral. Diniz ainda sonhava em ser candidato a prefeito de São Paulo pelo PSL, mas o caminho agora fica livre para a deputada federal Joice Hasselmann (SP) disputar a eleição pelo partido.
A legenda agora passa a ter 13 deputados estaduais na Assembleia Legislativa. Mesmo com a redução, a sigla continua sendo a maior da Casa —à frente do PT, que tem 10 deputados.