Rede social exclui contas divulgadoras de teorias falsas

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Foto: Mike Blake/Reuters

Repleta de ramificações, códigos e possíveis interpretações, a teoria da conspiração QAnon sofreu um revés na terça-feira após o Twitter decidir suspendê-la por completo. Em constante evolução, a teoria varia de suposições de que há um “Estado profundo” que tenta derrubar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a teses de que há uma seita satânica e pedófila envolvendo artistas e políticos.

Segundo a rede social, conteúdos e contas associados ao Qanon não serão mais exibidos entre os assuntos mais comentados e nas recomendações a usuários. Links para sites associados ao grupo também serão bloqueados. A medida deve impactar 155.000 contas em todo o mundo e mais de 7.000 contas já foram removidas nas últimas semanas por violações às regras da rede social.

As suspensões serão aplicadas a contas “envolvidas em violações de nossas políticas de multi-contas, em coordenação de abusos a vítimas individuais ou que estejam tentando escapar de uma suspensão anterior – algo que vimos ais nas últimas semanas”, segundo o Twitter. A resolução segue uma decisão do Facebook mais cedo neste ano de remover uma rede americana de contas falsas ligadas ao QAnon.

No ano passado, o FBI emitiu um alerta sobre “extremistas internos impulsionados por teorias da conspiração” e designou o QAnon como uma potencial ameaça extremista interna. O maior problema, no entanto, é a falta de figuras específicas em seu comando e a fácil disseminação pelas redes sociais.

Em conspirações online, o termo “Estado profundo” é usado para se referir a uma combinação das elites intelectuais e políticas, assim como figuras importantes do mundo do entretenimento e dos negócios. Segundo o QAnon, essa elite estaria travando em uma guerra secreta contra Trump e seus aliados. Membros democratas, por sua vez, estariam por trás de grupos criminosos internacionais.

A teoria surgiu em 2017 quando uma pessoa anônima, ou um grupo de pessoas, identificada pelo nome “Q” publicou uma série de mensagens no fórum online 4chan. Dizendo ter acesso a segredos do governo envolvendo o “Estado profundo”, o conteúdo propagado rapidamente avançou para outras redes sociais mais populares, como Twitter, Facebook e Youtube.

A partir daí, começaram assédios online e casos de violência física. A modelo e escritora Chrissy Teigen foi um dos alvos recentes.

A partir de imagens alteradas no photoshop, Teigen foi ligada a Jeffrey Epstein, condenado por pedofilia, e à ilha particular do empresário nas Ilhas Virgens. Ela também foi ligada à teoria conhecida na internet como “Pizzagate”, em que celebridades e políticos, como a democrata Hillary Clinton, supostamente se encontravam em uma pizzaria em Washington para orquestrar planos dentro de uma organização pedófila.

“Vocês não tem o ‘direito’ de coordenar ataques e fazer ameaças de morte”, escreveu Teigen na rede social em resposta à decisão do Twitter. “Não é uma ‘opinião’ chamar as pessoas de pedófilos que estupram e comem crianças”.

Conforme a eleição presidencial americana se aproxima, o QAnon ganhou um novo impulso, incluindo entre uma nova leva de candidatos republicanos. Marjorie Taylor Greene, candidata da Geórgia ao Congresso, declarou publicamente que a teoria seria uma “oportunidade única na vida de eliminar esse complô global de pedófilos que adoram Satanás”.

“Uma grande vitória. Parabéns”, tuitou Trump após Greene ficar em primeiro lugar nas primárias, pouco depois de os anúncios da candidata serem suspensos pelo Facebook por violações à regra da comunidade.

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