Vacina de Oxford pode estar pronta no fim do ano
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Coordenadora do estudo brasileiro sobre a vacina contra Covid-19 da Universidade da Oxford, a médica Lily Yin Weckx, pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), avaliou ser possível que a substância em desenvolvimento no Reino Unido esteja disponível para o público no final do ano para uso emergencial.
“O governo já adquiriu vacinas para um lote em dezembro e outro em janeiro. Mas o estudo na fase 3 vai levar um ano. Se começamos em junho, teoricamente vamos até junho do ano que vem. Entretanto, como são muitos países juntos, se a gente tiver dados bastante positivos já somados, talvez se consiga o licenciamento antes de completar um ano – o chamado licenciamento para uso emergencial”, explicou ela.
“É por isso que estamos apostando que talvez no final do ano a gente possa ter uma vacina. Porque se os dados acumulados forem positivos e mostrarem eficácia, a gente talvez consiga o licenciamento mais cedo para aplicar a vacina mais cedo na nossa população”, acrescentou.
Lily defendeu que 100 milhões de doses para o Brasil, que está previsto no acordo firmado pelo Ministério da Saúde, é uma quantidade “razoável” mesmo em um país com quase 210 milhões de pessoas. “Acho que dá para a gente ficar tranquilo com relação à quantidade”, destacou. “Fechar esse acordo foi uma decisão muito acertada. A vacina promete, realmente, ser protetora”, concluiu.
Sobre os resultados promissores apresentados nesta segunda, a pesquisadora da Unifesp avaliou que trata-se de uma notícia muito “significativa”, principalmente por se mostrar segura e com reações leves, como dores de cabeça, que podem ser prevenidas com medicamentos como paracetamol.
Os resultados preliminares das Fases 1 e 2 dos testes da vacina para a Covid-19 sugerem que ela é segura e induz uma rápida resposta imunológica. A substância é desenvolvida por cientistas da Universidade de Oxford em parceria com o grupo farmacêutico AstraZeneca.
Até o momento, a substância não apresentou nenhum efeito colateral grave, e desencadeou respostas de anticorpos e células T (responsáveis pela imunidade celular no organismo), de acordo com os resultados dos testes, publicados nesta segunda-feira (20) pela revista científica britânica The Lancet.
A candidata à vacina – chamada AZD1222 – provocou uma resposta de anticorpos em 28 dias e de células T em 14 dias. Segundo a publicação, a substância se mostra promissora.
Os testes foram feitos em 1.077 pessoas com idades entre 18 e 55 anos, sem histórico de infecção pelo novo coronavírus, em cinco hospitais do Reino Unido, de abril até o fim de maio.
A vacina de Oxford é 1 entre as mais de 150 que estão sendo desenvolvidas atualmente no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), sendo que 23 delas estão em ensaios clínicos em humanos. A AZD1222 está na Fase 3 dos testes – a última antes da avaliação final -, mas os pesquisadores ainda não tinham divulgado os resultados das Fase 1 e 2.