Advogado alvo de dossiê do governo vai à Justiça
Foto: Arquivo/Agência Brasil
Um dos alvos do suposto dossiê feito por uma unidade do Ministério da Justiça, o ex-secretário nacional de Justiça Ricardo Balestreri cobrou, por meio de seus advogados, um esclarecimento da Pasta sobre um eventual monitoramento de seus atos. Em documento encaminhado ao ministério no último dia 27, os advogados pedem ainda acesso ao conteúdo do relatório.
Atualmente, Balestreri é secretário estratégico de Articulação da Cidadania do governo do Pará. Caso a solicitação não seja atendida, os advogados de Balestreri não descartam alguma medida legal. O secretário não tem comentado o caso.
A existência dos dossiês foi revelada pelo colunista Rubens Valente, do UOL, no último dia 24. Segundo a reportagem, o documento foi produzido em junho pela Secretaria de Operações Integradas (Seopi), uma unidade pouco conhecida do Ministério da Justiça. Foram listados 579 agentes da segurança púbica estaduais e federais, alguns com fotografias e endereços de redes sociais, que haviam assinado dois manifestos, em 2016 e 2020.
O nome de Balestreri, que foi secretário nacional de Segurança Pública de 2008 a 2010, aparece em um subtítulo denominado “Formadores de opinião”. Nesse trecho também é citado outro ex-secretário nacional de Segurança, Luiz Eduardo Soares, que exerceu o cargo em 2003. Além deles, segundo o UOL, constam no relatório o especialista em Direitos Humanos Paulo Sérgio Pinheiro e do acadêmico da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Alex Agra Ramos.
A UFBA divulgou nota em que manifestou “estranheza e indignação com a notícia da existência, no âmbito do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, de uma iniciativa de produção de dossiês contra servidores públicos que manifestaram publicamente posições contrárias ao fascismo”.
“A comunidade universitária viu-se diretamente atingida pela menção, entre os investigados, do bacharel em ciência política pela UFBA Alex Agra Ramos. Alex, 21 anos, sequer é servidor público, mas envolveu-se com a causa policial a partir da constatação, ainda adolescente, do alto índice de suicídios entre a categoria”, diz a universidade em nota em que diz apoiar a identificação e responsabilização dos autores do relatório.
Outro foco do documento é o grupo dos “Policiais Antifascismo”, formado por cerca de 500 agentes da área de segurança nos Estados e na União. Eles divulgaram nota em que dizem que que não recuará “um só milímetro”.