Auxílio emergencial aumenta popularidade de Bolsonaro
Foto: Isac Nóbrega
A maior taxa de aprovação do governo Bolsonaro desde sua posse acontece logo depois de o Brasil ultrapassar a marca de 100 mil mortes registradas pela Covid-19 e continuar na segunda colocação do ranking mundial do número absoluto de óbitos em razão da doença.
O que figura como mais um dos paradoxos que a crise sanitária produz sobre a opinião pública, como se verá a seguir, encontra explicação nos movimentos observados em diferentes camadas da sociedade.
Bolsonaro melhora seu desempenho em quase todos os estratos demográficos e econômicos da população. Mas, considerando-se o peso dessas parcelas na composição dos resultados totais, percebe-se que são justamente os que têm maior vulnerabilidade, tanto no mercado de trabalho quanto no acesso a serviços de saúde, que mais contribuem para o ganho de popularidade do presidente no último mês.
Dos cinco pontos de crescimento da taxa de avaliação positiva, pelo menos três vêm dos trabalhadores informais ou desempregados que têm renda familiar de até três salários mínimos, grupo alvo do auxílio emergencial pago pelo governo desde abril e que tem sua última parcela programada para saque em setembro.
A solicitação do auxílio chega a 40% na população como um todo, taxa que alcança 75% entre desempregados que procuram emprego, 71% entre assalariados sem registro e 61% entre autônomos e profissionais liberais, grupos em que são identificadas as maiores variações pró-governo. Entre os que hoje estão sem ocupação, por exemplo, a reprovação caiu 9 pontos e o apoio subiu 12.
Se há pouco mais de um mês os candidatos ao benefício já eram responsáveis pela manutenção dos índices de aprovação de Bolsonaro mesmo com queda de popularidade entre os mais escolarizados e mais ricos, são eles agora os que mais contribuem para o aumento na avaliação positiva.
Entre os que receberam o auxílio, a taxa dos que consideram Bolsonaro um presidente ótimo ou bom torna-se seis pontos superior à observada entre os que não solicitaram o benefício, atingindo 42% —cinco pontos acima da média nacional.
O dado pode explicar em parte a melhora de seis pontos na popularidade do presidente no Nordeste, uma das regiões do país onde a população mais pediu e recebeu o benefício.
Redação com Folha