Bolsonaro avisa PSL que decide possível volta em 2021
Foto: Marcos Corrêa/PR
Quase um ano após sua desfiliação, o presidente Jair Bolsonaro deu ontem um novo passo em direção ao PSL. A reaproximação foi a solução encontrada para garantir competitividade a seus aliados nas disputas municipais. Os planos de criar o Aliança pelo Brasil, porém, seguem no radar do presidente no longo prazo.
O presidente destacou, em reunião com parlamentares bolsonaristas, que qualquer decisão precisa ser tomada com cautela e que não pode se precipitar. Ele sinalizou que o martelo deve ser batido apenas em 2021 e avaliou que a pacificação pode ser determinante para que aliados do Palácio do Planalto não sofram retaliação do núcleo liderado pelo presidente nacional do PSL, Luciano Bivar.
Ao evitar a filiação imediata, Bolsonaro consegue manter distância protocolar das eleições municipais e não terá seu nome associado a todos os candidatos da legenda. Pré-candidata do PSL à Prefeitura de São Paulo, a deputada Joice Hasselmann é uma de suas rivais dentro do partido.
Com o encontro, o presidente pretendia medir a receptividade ao movimento de se reaproximar da ex-legenda. Ele saiu da sigla em novembro do ano passado e fez críticas ao dirigente partidário. Diante da dificuldade de criar o Aliança pelo Brasil, o presidente iniciou conversas com outras legendas e um retorno dele para ao PSL passou a ser cogitado.
Aliados e pessoas envolvidas na criação do Aliança foram avisados há algumas semanas sobre as negociações com o PSL. A justificativa foi assegurar que aliados consigam disputar prefeituras e cargos nas câmaras municipais em boas condições. Para isso, o acordo com o ex-partido é fundamental, uma vez que já não é possível se desfiliar para concorrer em novembro.
Segundo relatos, Bivar tem jogado duro e rejeita uma “solução provisória”. Outra trava para o acordo seriam as posições irreconciliáveis entre aliados de Bolsonaro e de Bivar no Congresso. Alguns deputados bolsonaristas saíram do encontro de ontem dizendo que só retornariam ao partido caso detratores do presidente fossem expulsos.
“Apesar das negociações, o trabalho do Aliança segue firme e confio que o PR (presidente da República) sempre tomará as decisões mais acertadas para o Brasil”, afirmou o publicitário Sergio Lima, uma das pessoas incumbidas para viabilizar a criação da nova legenda.
Uma outra fonte próxima do presidente, que despacha no Palácio do Planalto, afirma que o caso não deve ter uma definição rápida. Essa fonte confirma que Bolsonaro está empenhado na criação do novo partido, apesar das dificuldades. Ao Valor, a advogada Karina Kufa, tesoureira do Aliança, disse acreditar que a legenda estará criada no ano que vem.
Entre os bivaristas, há um grupo resistente ao retorno de Bolsonaro. A reconciliação, porém, é defendida por aqueles que tentam evitar uma debandada na bancada. Esse grupo, aliás, teria sugerido que Joice estenda uma bandeira branca. A ideia seria ela convidar o deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP), aliado de Bolsonaro, para compor a chapa pela prefeitura da capital paulista. A avaliação é que, com o movimento, ela neutralizaria eventuais críticas dos bolsonaristas à sua postulação.