Bolsonaro cresceu mais entre nordestinos pobres

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Foto: Antonio Scorza / Antonio Scorza

A aprovação recorde do presidente Jair Bolsonaro na pesquisa do instituto Datafolha divulgada na noite de quinta-feira, com 37% dos entrevistados opinando positivamente sobre o governo, foi impulsionada, entre outros fatores, pela mudança na avaliação dele entre entrevistados que moram na Região Nordeste, que ganham até dois salários mínimos ou que estão desempregados. No intervalo de um ano, desde estudo semelhante realizado em agosto de 2019, esses estratos sociais registraram aumento significativo no índice de pessoas que consideram o governo bom ou ótimo, bem como diminuição expressiva na taxa de rejeição. Os dados indicam que a alteração pode estar relacionada à concessão do auxílio emergencial durante a pandemia de Covid-19.

No Nordeste, em que 40% da população solicitou a assistência de R$ 600 mensais, houve o maior aumento relativo da aprovação bolsonarista no corte por regiões. Os entrevistados que consideram a administração boa ou ótima passaram de 17% em agosto de 2019 para 33% atualmente.

A recuperação já havia sido identificada na pesquisa mais recente, em junho, quando 27% dos nordestinos ouvidos pelo Datafolha avaliaram Bolsonaro positivamente. Alteração ainda mais significante ocorreu na rejeição regional do presidente. Há um ano, 52% dos entrevistados locais o consideravam ruim ou péssimo. O índice foi mantido em junho, mas, após os últimos dois meses, caiu para 35%.

Entre os mais pobres, com renda familiar de até dois salários mínimos, o processo foi semelhante. Em agosto de 2019, 22% dos entrevistados nessa situação aprovavam Bolsonaro. Este mês, eles representaram 35% daqueles que estão nessa situação — uma alta em relação a junho, quando o índice foi de 29%. A avaliação negativa caiu: de 43% em agosto passado, chegou a 43% em junho deste ano e agora atingiu o patamar de 31%. Na amostra de desempregados, o movimento se repetiu. O índice positivo dobrou em um ano, de 18% para 36%, e a rejeição caiu de 48% para 34%.

Embora o relatório da pesquisa Datafolha não relacione diretamente o novo panorama com o auxílio do governo, o instituto sugere que essa ligação pode ter existido. Os dados apontaram, por exemplo, que dos entrevistados cujo pedido de ajuda financeira foi aprovado e pago, 42% consideram a gestão bolsonarista boa ou ótima. Entre aqueles que não recorreram ao benefício, 36% compartilham dessa opinião.

Após ter conseguido reverter em dez pontos percentuais a desaprovação registrada em junho, quando 43% dos entrevistados consideraram o governo ruim ou péssimo, Bolsonaro ainda está atrás de antecessores em relação à rejeição deles nesta fase do primeiro mandato. Em 2000, Fernando Henrique (PSDB) registrou índice de 25%; Lula (PT), em 2004, marcou 17% e Dilma Roussef (PT), 7%. Michel Temer (MDB), aliado recente de Bolsonaro, é único ex-presidente cuja reprovação foi maior do que a de Bolsonaro após cerca de um ano e oito meses no poder: em janeiro de 2018, esse número chegou a 70% para o emedebista.

Bolsonaro e um de seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), participaram ontem ao lado do prefeito do Rio, Marcelo Crivella, da inauguração de uma escola cívico-militar no bairro do Rocha, na Zona Norte. O evento ocorreu no último dia permitido pela Justiça Eleitoral para que candidatos participassem de inaugurações de obras públicas.

Candidato à reeleição, Crivella busca o apoio de Bolsonaro e conseguiu atrair para seu partido, o Republicanos, tanto Carlos, candidato a novo mandato na Câmara Municipal, quanto o senador Flávio Bolsonaro, que não compareceu ao evento.

O Globo