Bolsonaro equipara covid19 a “outras doenças”
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No dia em que Brasil superou a marca de mais 100 mil mortos pela Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro compartilhou um post da equipe de comunicação do governo na qual lamenta mortes pela Covid-19 “assim como por outras doenças” e pede que também sejam divulgados os dados positivos.
As postagens da Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) e compartilhadas pelo presidente não fazem qualquer menção à marca dos 100 mil mortos.
“Todas as vidas importam: as que vão e as que ficam. Lamentamos as mortes por Covid, assim como por outras doenças. Nossas orações e nossos esforços têm a força de um governo que dá tudo para salvar vidas. Toda a assistência possível à saúde dos brasileiros foi dada”, afirmou a Secom, na nota.
O Brasil superou os 100 mil mortos por Covid no início da tarde da sábado, 9, segundo dados coletados com as secretarias estaduais da saúde pelo consórcio formado por Folha de S.Paulo, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, o Globo e G1.
Nesse mesmo dia, manifestantes penduraram uma faixa em frente ao Palácio do Planalto, afirmando que o presidente Jair Bolsonaro é responsável pela quantidade de óbitos em decorrência da doença no país. “100 mil mortes. A culpa é sua Bolsonaro”, diz a faixa.
A primeira manifestação de Bolsonaro no sábado ocorreu pouco depois das 19h, quando ele publicou, em suas redes sociais, uma foto vestido com a camisa do Palmeiras, acompanhada da descrição “parabéns Palmeiras campeão paulista 2020”. O clube venceu o Corinthians no campeonato estadual neste sábado.
Em seguida, ele compartilhou a postagem da Secom sobre a pandemia do novo coronavírus segunda a qual que quase 3 milhões de vidas foram salvas ou estão em recuperação. A equipe do presidente afirmou ainda que o país tem “um dos menores índices de óbitos por milhão entre as grandes nações”.
O Brasil tem, de fato, um índice de 48 mortes por Covid para cada 100 mil habitantes, similar ao americano e muito menor do que o de países europeus como a Bélgica (86), o Reino Unido (70) e a Itália (58), mas muito maior, por exemplo, que o da vizinha Argentina (10), ou mesmo maior que a França (45) e o México (41)
A nota da Secom prosseguiu afirmando que o Brasil é “sempre um dos países que mais recupera infectados” e “sempre com índice de recuperação acima dos 95%”.
As postagens da Secom começaram em resposta a uma publicação do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro. “Não podemos nos conformar, nem apenas dizer #CemMilEdaí. São mais de 100 mil mortos; 100 mil famílias que perderam entes para a Covid. Que a ciência nos aponte caminhos e que a fé nos dê esperança”, disse Moro na postagem.
A Secom, então, afirmou que “para um Governo, muito mais do que palavras bonitas, a melhor forma de mostrar que se importa é trabalhando” E acrescenta: “Estamos todos do mesmo lado da trincheira na guerra que foi imposta ao mundo todo. E o Governo do Brasil tem trabalhado sem descanso desde o começo”.
Nas postagens, a Secom destaca medidas anunciadas ao longo da pandemia e diz que o governo federal “REAGIU À PANDEMIA DESDE O INÍCIO, E DE MODO INCOMPARÁVEL em diversos aspectos”.