Bolsonaro inventa nova desculpa para desmatamento
Foto: Arquivo/Agência Brasil
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (11) que o Brasil recebe críticas de outros países por desmatamento na Amazônia porque é “potência no agronegócio”. Segundo Bolsonaro, o Brasil é ameaçado o tempo inteiro e “alguns poucos brasileiros” trabalham contra o governo nesse tema.
Ele deu essa declaração durante uma videoconferência com presidentes de países cujos territórios são cobertos pela floresta amazônica. Organizado por Colômbia e Peru, o encontro virtual foi realizado quase um ano após a assinatura pelos países da região do Pacto de Leticia, que estabeleceu medidas para preservar a Amazônia.
Além de Bolsonaro, participaram da videoconferência os presidentes Iván Duque (Colômbia), Martín Vizcarra (Peru), Jeanine Áñez (Bolívia) e Lenín Moreno (Equador). Os embaixadores da Guiana e Suriname no Brasil também participaram.
“Os senhores podem ver: em julho deste ano, levando-se em conta julho do ano passado, nós registramos uma diminuição de 28% no desmatamento ou queimadas na região, mas, mesmo assim, somos criticados. Afinal de contas, o Brasil é uma potência no agronegócio, ameaças existem sobre nós o tempo todo e, lamentavelmente, alguns poucos brasileiros trabalham contra nós nesta questão”, disse Bolsonaro.
Junto com os dados de julho citados pelo presidente, o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, divulgou na última sexta-feira (7) os números de desmatamento para o período de um ano. As áreas com alerta de desmatamento na Amazônia aumentaram 34,5% no período.
No último dia 2, dados do Inpe apontaram que os incêndios na Amazônia em julho aumentaram 28% em relação a julho de 2019, ano considerado pela agência espacial norte-americana Nasa como o mais devastador em relação a queimadas na região.
De agosto de 2019 até o dia 31 de julho deste ano, houve alerta de desmatamento de 9.205 km² de área da floresta, uma área mais que seis vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Entre agosto de 2018 e julho de 2019, esse número tinha ficado em 6.844 km².
De acordo com o presidente, a maior parte da floresta amazônica permanece intacta. Segundo ele, isso é prova de que os países da região são “perfeitamente capazes de cuidar desse patrimônio”.
“Essa história de que a Amazônia arde em fogo é uma mentira. E nós devemos combater isso com números verdadeiros. É o que estamos fazendo aqui no Brasil”, disse Bolsonaro.
O presidente disse ainda que os países amazônicos são muito criticados de forma injusta por outras nações e que devem resistir.
“Aos poucos estamos mostrando ao mundo a realidade da Amazônia, e essa realidade é bem diferente daquela que a imprensa, e até alguns governos estrangeiros, apresentam”, declarou o presidente.
A reunião entre os presidentes não foi transmitida ao vivo pelo governo brasileiro. A transmissão em tempo real ocorreu nas plataformas do governo colombiano. Após o final da videoconferência, a Secretária Especial de Comunicação (Secom) divulgou o vídeo da fala do presidente Jair Bolsonaro no evento.