Centrão blinda Bolsonaro
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Os novos aliados de Jair Bolsonaro no Congresso não se incomodaram com os depósitos da família Queiroz na conta da primeira-dama Michelle. Acostumado aos solavancos da opinião pública, aos trancos do Ministério Público e aos sacolejos da PF, o Centrão avalia que ainda é cedo para se mexer, seja no sentido de se afastar do Planalto ou no de dobrar a fatura no apoio ao governo. Ainda mais neste momento em que as sondagens mostram um presidente bem posicionado no jogo da reeleição. O sentimento, por ora, é: fica tudo como está.
A revelação da revista Crusoé, porém, dá esperanças à oposição, mas no médio e longo prazos. Tudo vai depender das investigações. A percepção é de que o acordo de Jair Bolsonaro com o Centrão ainda impossibilita avanços rumo ao impeachment.
Iniciar um processo de impedimento agora seria garantir a Bolsonaro uma vitória política.
O entendimento entre alguns juristas é de que a primeira-dama já pode virar ré, ao menos conforme um conceito usado pelo ex-juiz Sérgio Moro na Lava Jato: a teoria da cegueira deliberada.
Sobre o caso, o ministro do STF Marco Aurélio Mello adotou cautela. “Não é interessante em plena pandemia abrirmos essa porta (discussão de impeachment) e termos mais solavancos. A sociedade está muito sofrida”, afirmou.
Um observador atento fez as contas: a família Queiroz pagou o equivalente a 148,3 auxílios emergenciais a Michelle Bolsonaro. Ou 6,6 “lobos-guarás” por mês do “queirozduto” para a primeira-dama.
No fim de semana das 100 mil mortes pela covid-19, chegou a vez de a Coluna lembrar da frase de Lula sobre a pandemia, revelando que a luta política está acima de tudo para o líder petista.
“Ainda bem que a natureza (…) criou esse monstro chamado coronavírus porque esse monstro está permitindo que os cegos (…) comecem a enxergar que apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises”, disse Lula, em 20 de maio.