DEM e MDB costuram acordo para sucessões no Congresso
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Apesar da confiança do entorno de Davi Alcolumbre (DEM-AP) de que sua candidatura à reeleição será liberada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), senadores já discutem um “plano B” caso a ideia vá por água abaixo, mas estão divididos entre lideranças de diversos partidos.
No DEM, a tendência é apoiar um nome do MDB, maior bancada do Senado. Em troca, haveria endosso a um nome do DEM na Câmara dos Deputados. Juntos, DEM e MDB somam 19 senadores. Há uma disputa interna pelo nome, porém. Os dois cotados são Eduardo Braga (AM), líder do MDB, e Eduardo Gomes (TO), líder do governo no Congresso Nacional.
Enquanto Gomes agradaria por manter o perfil de Alcolumbre, de ter um bom relacionamento com o Palácio do Planalto, Braga seria um nome mais de centro, que não carrega o “estigma” de governista.
Já no PSD, bancada em crescimento e segundo maior grupo do Senado, há a avaliação de que esse seria o momento de mostrar força e apresentar um candidato do partido. Otto Alencar (BA), líder da legenda, é citado como um nome que agregaria mais senadores de oposição do que Eduardo Braga. Já a ala mais governista do partido, porém, aderiria a uma candidatura do MDB.
Além disso, independentemente da liberação para a reeleição de Alcolumbre, o grupo “Muda Senado”, de cerca de 20 senadores, irá escolher um candidato que represente as pautas do grupo, como a defesa da Operação Lava-Jato e a investigação de tribunais superiores.
— Não definimos candidatura — diz Major Olímpio (PSL-SP), integrante do grupo. — Estamos trabalhando na estratégia para vencer. Todos têm plena condição, mas lá na frente vamos ver quem se habilita e escolheremos um. Vamos montar um programa com objetivos e metas que o candidato terá que se comprometer.
Segundo ele, o candidato “eventualmente pode até ser alguém que não componha o Muda Senado, mas que assuma os compromissos que temos como fundamentais”. O grupo, porém, é desacreditado pelos demais senadores, que não enxergam força na potencial candidatura.
Aliados de Alcolumbre rechaçam a especulação em torno de possíveis nomes alternativos e estimam que o senador tenha em torno de 60 votos — na prática, todos os parlamentares exceto o Muda Senado.
— Quem tem plano B não tem plano A — diz Marcos Rogério (DEM-RO).
Na semana passada, o PTB entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que a Corte impeça a reeleição nas Mesas do Senado e da Câmara. A cúpula do Senado comemorou, já que o processo é visto como o “gatilho” para que o STF decida sobre o assunto. O processo será relatado pelo ministro Gilmar Mendes e há expectativa no Senado que ele possa decidir por meio de liminar. Alcolumbre acredita que a maioria na Corte é favorável a abrir-lhe a possibilidade de reeleição. A Constituição veda a recondução para as presidências da Câmara e do Senado numa mesma legislatura, o que impediria Alcolumbre e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de buscarem um novo mandato em 2021.