Desemprego dispara em junho
Foto: Agência Brasil
O país encerrou o segundo trimestre com a maior taxa de desemprego em três anos, como reflexo da crise causada pela pandemia do novo coronavírus. É o que mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), divulgada na manhã desta quinta-feira (06) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo a instituição, a taxa oficial de desemprego no Brasil apresentou uma alta de 13,3% no trimestre encerrado em junho. De acordo com o órgão, 12,8 milhões de pessoas estão desocupadas – com um fechamento de 8,9 milhões de postos de trabalho quando comparado com o trimestre anterior. O resultado demonstra uma alta de 1,1 ponto percentual em relação com o trimestre encerrado em março e 1,3 ponto percentual em relação ao mesmo trimestre de 2019.
Ainda, segundo o IBGE, o número de pessoas ocupadas demonstrou queda recorde em relação à março. De acordo com a PNAD, o valor da ocupação caiu 9,6%, superando o recuo do trimestre anterior, que foi de 8,3%.
Adriana Beringuy, analista da pesquisa, afirma que mesmo com o cenário de estabilidade entre a população desocupada, a taxa de desemprego cresceu justamente pela redução da força de trabalho – que soma as pessoas ocupadas e desocupadas. Entre os segmentos mais atingidos, o comércio é destaque: 2,1 milhões de pessoas deixaram o status de ocupado, para desocupado.
“Essa taxa é fruto de um percentual de desocupados dentro da força de trabalho. Então como a força de trabalho sofreu uma queda recorde de 8,5% em função da redução no número de ocupados, a taxa cresce percentualmente mesmo diante da estabilidade da população desocupada”, diz a analista.
O número apresentado pelo IBGE está em linha com o esperado pelo mercado. A corretora Guide e a mediana da Reuters, por exemplo, projetavam um aumento na taxa de desemprego em junho para 13,2%.
A pesquisa mostrou ainda que os empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada somavam 8,639 milhões no segundo trimestre, de 11,023 milhões nos três meses imediatamente anteriores.
Já os que tinham carteira assinada no setor privado no trimestre até junho eram 30,154 milhões, de 33,096 milhões no primeiro trimestre, chegando ao menor patamar da série histórica iniciada em 2012.
“Isso faz com que a gente chegue ao menor contingente de trabalhador com carteira assinada na série histórica e mostra que essa queda na ocupação está bem disseminada por todas as formas de inserção, seja o trabalhador formalizado, seja o não formalizado”, completou Berenguy.
Todas as atividade analisadas pela pesquisa sofreram queda em relação ao número de ocupados, mas o comércio foi o mais afetado. Um total de 2,137 milhões de pessoas perderam suas vagas no setor, uma redução de 12,3% em relação aos três primeiros meses do ano.
Ao mesmo tempo, o número de desalentados, grupo de pessoas que não buscaram trabalho mas que gostariam de conseguir uma vaga e estavam disponíveis para trabalhar, chegou a 5,7 milhões de pessoas no trimestre encerrado em junho, maior número desde oinício da série histórica.
“Tem muita gente fora da força sem procurar trabalho, alegando pandemia e isolamento. Quando houver menos receio de procurar trabalho, essas pessoas vão procurar e se empregar ou entrar na fila do desemprego, fazendo com que a taxa de desocupação aumente cada vez mais nos próximos trimestres”, alertou Berenguy.
Nos três meses até junho, o rendimento médio do trabalhador chegou a 2.500 reais, mais elevado da série histórica, de 2.389 reais no primeiro trimestre. Esse aumento, entretanto, decorre segundo o IBGE da forte redução da população ocupada, sendo a maior parte dos trabalhadores informais, que são os de menor rendimento.