Flávio diz que Queiroz é que lhe pediu emprego
Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
Em depoimento ao Ministério Público do Rio, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) detalhou pela primeira vez como foram feitas as indicações dos familiares do ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz para seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Flávio contou que foi Queiroz quem pediu para que a mulher e as filhas fossem empregadas e que era o ex-assessor era quem controlava o trabalho que deveria ser desempenhado pela própria família.
— O trabalho político se faz muito com relacionamento. O Queiroz sempre foi uma pessoa de muito relacionamento nessa parte da segurança e os parentes dele também sempre foram muito bem relacionados nesses bairros que falei, por exemplo (Osvaldo Cruz). Possui familiares lá, amigos, sempre ajudavam muito nessa capilaridade do trabalho. Ele pedia: “Pode dar uma oportunidade para minha esposa porque ela está precisando?” Pois não, a gente coloca sua esposa lá, pode botar que não tem ninguém agora para indicar para esse cargo. Então, ele geriu esse pessoal para mim — afirmou Flávio na oitiva obtida com exclusividade pelo GLOBO e realizada no dia 7 de julho no âmbito do inquérito que apura a existência da “rachadinha” no gabinete.
A esposa de Queiroz é cabeleireira e nunca teve crachá da Alerj, embora tenha sido lotada no gabinete de Flávio por mais de dez anos (de março de 2007 a setembro de 2017). Atualmente, ela está em prisão domiciliar junto com o marido em um apartamento na Zona Oeste do Rio.
Quando Márcia foi exonerada, deu lugar à filha, Evelyn Mayara, enteada de Queiroz. Duas filhas do primeiro casamento do ex-assessor, Nathália e Evelyn, também foram nomeadas. Além dos pouco mais de nove anos em que esteve nomeada por Flávio, Nathália passou quase dois anos lotada no gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara dos deputados. Nos dois períodos, ela esteve empregada ao mesmo tempo em academias do Rio e atuava como personal trainer.
Flávio disse que tinha ciência de todas as nomeações dos familiares do ex-assessor parlamentar e que atendeu aos pedidos de Queiroz para prestigiá-lo porque era alguém que “dava o suor” junto com ele:
— Ele é uma pessoa que sempre gozou da minha confiança, trabalhava muito tempo comigo, convivia mais comigo do eu que com a minha própria família. Como nosso trabalho sempre foi bastante enxuto, dirigido a um público específico, quando surgia uma vaga no gabinete, o Queiroz pedia para dar uma oportunidade para algum parente dele. Foi assim com as esposas, as filhas… E eu querendo atender uma pessoa que trabalhava full time, integralmente ali comigo, que dava o suor junto comigo, eu atendia aos pedidos que ele fazia com relação à família dele.
Além da mulher, das filhas e da enteada, uma ex-cunhada de Queiroz, o ex-marido de Márcia e o irmão dele foram lotados em gabinetes da família Bolsonaro.