Joice é candidata do PSL a prefeita de SP
Foto: Agência O Globo
Em convenção anunciada com um dia de antecedência, o PSL lançou formalmente nesta segunda-feira o nome da deputada federal Joice Hasselmann como sua candidata à Prefeitura de São Paulo. O partido vinha sofrendo pressão da ala bolsonarista por um nome mais simpático ao presidente. Joice e Bolsonaro estão rompidos desde o fim do ano passado, época em que o presidente deixou o PSL e se engajou na tentativa de construir seu próprio partido, o Aliança pelo Brasil.
A convenção foi realizada presencialmente no diretório municipal do PSL. Apesar da pandemia do novo coronavírus, não foi possível manter o distanciamento social durante o evento. Cerca de 40 pessoas se juntaram numa das salas do diretório. Todos usavam máscaras e o partido disponibilizou álcool em gel. Convidados para o evento, jornalistas tiveram de ficar aglomerados enquanto os parlamentares faziam o anúncio da candidatura.
Ao lado do deputado federal e seu coordenador de campanha Júnior Bozzella e do senador Major Olímpio, Joice negou que a convenção marcada na primeira data possível fosse uma tentativa de neutralizar a pressão de Bolsonaro para tirá-la do pleito.
Segundo fontes do PSL, Bolsonaro teria colocado a desistência de Joice Hasselmann como condição para ele voltar ao partido. Bolsonaristas como a deputada federal Bia Kicis (DF) têm defendido o nome de Luiz Philippe de Orléans e Bragança para a disputa.
— Não, ninguém está com pressa de nada. E em qual partido não existe resistência interna? — declarou a deputada.
A candidatura, no entanto, não está totalmente garantida, apesar da antecipação da convenção. Segundo o advogado eleitoral Helio Silveira, a direção nacional pode cancelar uma convenção partidária e lançar outro nome à disputa “se a escolha inicial contrariar normas internas e deliberações do partido”.
Joice afirmou que Júnior Bozzella se reuniu com Orléans e Bragança na última semana para conversar sobre uma possível candidatura a vice. No entanto, ela negou que seja uma articulação do próprio presidente Bolsonaro para ter uma candidatura de seu gosto na capital paulista.
Além do ex-secretário da Receita, Marcos Cintra, a quem Joice chamou de “meu posto Ipiranga”, ela disse que o joalheiro Ivan Leão Sayeg é um dos cotados para seu vice.
Questionada sobre negociações com Jair Bolsonaro para ele e Flávio voltarem à legenda, a deputada também desdenhou da suposta negociação.
— Acho que o presidente tem que ficar onde está. O retorno do presidente é um balão de ensaio da turma do Aliança pelo Brasil. E não me sentiria confortável em conversar de novo com os filhos do presidente. Não quero sentar do lado de quem cometeu rachadinha — declarou.
Para demonstrar que o PSL pode ter apoio de Bolsonaro sem precisar mexer na candidatura, Joice já deu indicativos de que está disposta a ser a candidata do presidente na eleição. Ela afirmou ao GLOBO que se Bolsonaro quiser “resgatar as bandeiras com as quais foi eleito, será bem-vindo”.
— O que não queremos é alguém que venha gerar mais divisão. Sempre defendi as bandeiras lavajatistas e do governo. Quem desvirtuou isso no meio do caminho foram os bolsonaristas — declarou ela.
Orleans e Bragança, entretanto, nega que Joice possa ter apoio da ala bolsonarista. Ele disse ao GLOBO que “não podemos apoiar quem ataca o presidente” e colocou as fichas no presidente do PSL, Luciano Bivar, a quem cabe a última palavra sobre a definição das candidaturas.
— O Bivar é quem manda no fim das contas. Ele tem noção de política e vai ter que avaliar se quer uma candidata para marcar posição, ainda que perca a eleição, ou ter um candidato com apoio do governo federal com chances de vencer — afirmou o deputado.